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São Paulo, domingo, 23 de março de 2003

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OMBUDSMAN

Trunfo no front

BERNARDO AJZENBERG

É cedo para avaliar a cobertura da guerra dos EUA contra o Iraque.
De imediato, chama a atenção a inclinação da mídia norte-americana a apoiar a ação de George W. Bush ou a ela se resignar -ainda que criticamente.
Da mesma forma, com exceção do Reino Unido (onde há divisão), a imprensa européia condena com veemência a operação Liberdade Iraquiana.
Não deixa de ser curioso o fato de que não foi a CNN, mas sim a RTP, TV estatal de Portugal, a primeira rede a exibir a imagem dos ataques iniciais.
No Brasil, os principais jornais têm sido desde o início, em editoriais, contrários ao conflito e ao unilateralismo de Bush.
O "chapéu" adotado pela Folha para a cobertura ao longo da semana vai nesse sentido: "Ataque do império". O do "Globo", mais ainda: "A guerra de Bush". Resta ver até que ponto essa opinião irá comprometer a isenção jornalística e o equilíbrio nas reportagens e análises publicadas.
A Folha tem, aí, um grande trunfo: é o único diário brasileiro, até o momento, a ter conseguido visto de entrada no Iraque a seus enviados especiais (o repórter Sérgio Dávila e o repórter-fotográfico Juca Varella).
Conforme relato da Secretaria de Redação, o pedido foi feito em 21 de janeiro, mas só em 3 de fevereiro, após vários contatos, a embaixada iraquiana em Brasília aceitou analisá-lo -exigindo o perfil dos repórteres.
Um sinal positivo foi dado em 13 de março, mas o visto só foi concedido em conversa "ao vivo" com os jornalistas pelo embaixador Jarallah al Obaidy no dia 15.
Dávila e Varella fizeram dois dias de curso de sobrevivência em situações de guerra e embarcaram para Londres, onde compraram coletes à prova de balas, capacetes, máscaras contra poeira radioativa e armas químicas e biológicas, além do equipamento de comunicação.
Chegaram à Jordânia na terça (18). Após 11 negativas, conseguiram que um motorista os levasse, por US$ 200, para o Iraque, pela rodovia Amã-Bagdá, a 140km/h.
Que o jornal, para o bem de seus leitores, faça um bom uso desse trunfo.


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Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor -recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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