São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2001

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A Folha e o PT "light"

A Folha teve comportamento atípico na cobertura das eleições internas do PT, realizadas no domingo passado.
Intencionalmente ou não, fez campanha para o deputado federal José Dirceu, presidente da sigla desde 1995, tratando quase como virtuais os outros candidatos à presidência do partido.
Ninguém duvidava da vitória de Dirceu, mas havia dúvidas, por exemplo, se ele a obteria já no primeiro turno.
No dia do pleito, o jornal editou numa página uma foto em duas colunas de Dirceu e, em outra, uma entrevista com ele, também no alto.
Aos outros concorrentes, reservou um quadro e um pequeno texto com suas "bandeiras". Pelas evidências, não mereciam o mesmo espaço que ele, mas tampouco lhes cabia só o escanteio.
Na segunda, na reportagem sobre a votação, só o deputado foi ouvido, além do presidente interino, José Genoino. O mesmo se deu na quarta.
Esse alinhamento se manifestou também, de forma indireta, na igualmente atípica condescendência diante do fiasco da apuração eletrônica dos votos.
O partido queria "aproveitar a eleição direta para fazer uma "demonstração" prática da viabilidade de suas propostas para aperfeiçoar o sistema de votação eletrônica" (Folha, 16/7).
Apesar de registrar a confusão na contagem centralizada dos votos, o jornal não mostrou, efetivamente, a raiz do fracasso.
Ao contrário, deu chance, por exemplo, para que Lula, adiantando-se a um questionamento contundente, dissesse em tom jocoso: "Pagamos um mico".
Ainda há tempo para o jornal apurar devidamente o que houve e, no mínimo, dar alguma voz aos perdedores.



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