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O mal do "pensamento único"
Se a inexistência de título
na Primeira Página (houve
apenas interno) anunciando a
decisão do Ministério Público
pró-Vavá pode ser interpretada como antipática a Lula,
uma notícia publicada pela
Folha na terça foi condescendente com o governo federal.
O texto "Sem reforma, déficit do INSS pode triplicar"
saiu em Dinheiro. Acompanhou-o a "linha-fina" (abaixo
do título) "Projeções do governo indicam que, sem mudança nas regras de aposentadorias, em 2050 não haverá
como conter desequilíbrio".
O estudo do Ministério da
Previdência sustenta que,
conforme escreveu o jornal,
"nem o aumento da formalização do mercado de trabalho
nem altas taxas de crescimento econômico evitarão a explosão do déficit previdenciário sem uma reforma nas regras de aposentadoria".
É idéia consagrada a de que
a Previdência necessita de
ajustes. Não faz sentido que o
aumento da expectativa de vida não cause impacto na idade com que as pessoas deixam
de trabalhar. Por outro lado,
há divergências sobre os direitos a sacrificar dos assalariados que contribuíram para
ter uma velhice digna.
Em tema controverso, a Folha se satisfez com a palavra
oficial. O jornal concedeu só
uma referência às opiniões divergentes: "[...] O estudo será
usado para rebater os setores
que condenam a reforma [...],
como a CUT (Central Única
dos Trabalhadores)".
Após conhecer os motivos
do governo, os leitores não foram informados sobre o argumento dos que "condenam".
Comentei na crítica diária:
"[O cenário projetado] pode
até estar correto, mas funciona mais como instrumento de
pressão contra os aposentados, se não confrontado com
fontes que divirjam".
A Folha preconiza um jornalismo crítico, mas só fez divulgar a posição do governo,
sem questioná-la. Defende a
manifestação plural de pensamentos, porém só contemplou um.
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