São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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Sobre cegos, jovens e jornais

Recebi do leitor Alisson Azevedo, auxiliar judiciário em Goiânia, a mensagem que transcrevo abaixo.
"Quero parabenizar Sylvia Colombo e a Folha pela brilhante reportagem sobre audiodescrição do dia 19. A repórter acertou a mão: ouviu um grupo heterogêneo de cegos, foi atrás de quem melhor conceituou e faz audiodescrição no Brasil e, o melhor, tudo sem pieguice e com leveza.
Para mim, cego e leitor de jornais, é reportagem paradigmática de como a imprensa deve tratar cegos e cegueira.
A propósito, e quebrando a regra de tratar apenas de um assunto num e-mail, quero lhe contar uma história sobre cegos, jovens e leitura de jornais.
Tenho 27 anos e desde criança sempre quis ler jornal. Aos 7, sonhava ser jornalista e pedia que alguém lesse para mim a crônica policial e o resumo das novelas.
Um dia, tinha 8 anos, me levaram à inauguração de uma imprensa braile. O governador de Goiás, Henrique Santilo, prometeu que, num "futuro breve", seriam impressos diariamente jornais em braile.
Fiquei empolgadíssimo, mas colegas cegos "mais velhos" e professores me sequestraram a esperança: que o jornal ficaria muito grande, muito caro e que ninguém conseguiria lê-lo num dia.
O surgimento, alguns anos mais tarde, da internet e dos ledores de tela, e a disponibilização de versões integrais (e acessíveis) de jornais na rede, tornaram viável meu sonho.
Gosto de ler virtualmente o mesmíssimo jornal que os videntes leem no papel.
Contei essa história porque sua coluna de domingo passado me remeteu à ambiguidade de uma maioria de leitores rejeitar o papel em favor da internet e uma minoria buscar avidamente nela o papel por anos sonegado."


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