São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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O "superleitor" e as greves

Talvez não exista prejuízo maior aos leitores da Folha do que a supressão, para a manifestação de instituições e personalidades, de um espaço que deveria ser seu. Na quinta, nenhum "leitor comum" teve a assinatura estampada no "Painel do Leitor".
Levantamento sobre a seção em 2007 mostra que, empatado com um secretário de Foz do Iguaçu (PR), o líder até agora, com sete mensagens, é o secretário estadual de Ensino Superior de São Paulo, José Aristodemo Pinotti.
Na crítica diária que escrevi no dia 15 (pode ser lida em www.folha.com.br/ombudsman), a nota mais importante se intitulava "O superleitor". Tratava de mais uma carta.
Nela, o secretário esclarecia uma entrevista que saíra na edição da véspera. Em Cotidiano, uma reportagem também trazia declarações suas sobre a entrevista.
Em 14 de maio, o entrevistado Pinotti condenara os estudantes que haviam invadido a reitoria da Universidade de São Paulo.
Os comentários não levaram a Folha a ouvir o "outro lado" dos atacados. Lamentei o procedimento.
No dia 18, nova mensagem apareceu no "Painel do Leitor". Na terça, outra. Pinotti não é assíduo apenas como remetente. Com quatro artigos, é um dos vice-campeões da seção "Tendências/Debates".
É legítima a reivindicação do secretário de ter suas mensagens publicadas. O erro é da Folha, que deveria assegurar o pronunciamento de Pinotti nas editorias dedicadas à cobertura dos assuntos sobre os quais ele opina. Sobre a mobilização nas universidades, em Cotidiano.
As cartas não precisam ser publicadas nesse formato, mas como afirmações entre aspas. Assim, o "Painel do Leitor" seria poupado, para cumprir sua vocação.
A Folha se empenhou na semana passada em acompanhar os acontecimentos na USP, na Unicamp e na Unesp, aos quais erradamente deu pouco destaque no início.
Mesmo assim, o jornal ainda não logrou explicar os decretos do governo José Serra sobre as universidades paulistas. Não basta contemplar opiniões divergentes, é preciso esclarecer.
Editorial afirmou que "as autoridades estaduais não conseguiram justificar, ou ao menos tornar compreensíveis a série de decretos e determinações interpretados como atentatórios à autonomia".
Por que a Folha não pode tornar os decretos "compreensíveis", traduzindo aos leitores a terminologia legal?
Como passei quase toda a semana no exterior, não me sinto em condições de avaliar outros aspectos da cobertura.


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