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O "superleitor" e as greves
Talvez não exista prejuízo
maior aos leitores da Folha do
que a supressão, para a manifestação de instituições e personalidades, de um espaço
que deveria ser seu. Na quinta,
nenhum "leitor comum" teve
a assinatura estampada no
"Painel do Leitor".
Levantamento sobre a seção em 2007 mostra que, empatado com um secretário de
Foz do Iguaçu (PR), o líder até
agora, com sete mensagens, é
o secretário estadual de Ensino Superior de São Paulo, José Aristodemo Pinotti.
Na crítica diária que escrevi
no dia 15 (pode ser lida em
www.folha.com.br/ombudsman), a nota mais
importante se intitulava "O
superleitor". Tratava de mais
uma carta.
Nela, o secretário esclarecia
uma entrevista que saíra na
edição da véspera. Em Cotidiano, uma reportagem também trazia declarações suas
sobre a entrevista.
Em 14 de maio, o entrevistado Pinotti condenara os estudantes que haviam invadido a
reitoria da Universidade de
São Paulo.
Os comentários não levaram a Folha a ouvir o "outro
lado" dos atacados. Lamentei
o procedimento.
No dia 18, nova mensagem
apareceu no "Painel do Leitor". Na terça, outra. Pinotti
não é assíduo apenas como remetente. Com quatro artigos,
é um dos vice-campeões da seção "Tendências/Debates".
É legítima a reivindicação
do secretário de ter suas mensagens publicadas. O erro é da
Folha, que deveria assegurar o
pronunciamento de Pinotti
nas editorias dedicadas à cobertura dos assuntos sobre os
quais ele opina. Sobre a mobilização nas universidades, em
Cotidiano.
As cartas não precisam ser
publicadas nesse formato,
mas como afirmações entre
aspas. Assim, o "Painel do
Leitor" seria poupado, para
cumprir sua vocação.
A Folha se empenhou na
semana passada em acompanhar os acontecimentos na
USP, na Unicamp e na Unesp,
aos quais erradamente deu
pouco destaque no início.
Mesmo assim, o jornal ainda não logrou explicar os decretos do governo José Serra
sobre as universidades paulistas. Não basta contemplar
opiniões divergentes, é preciso esclarecer.
Editorial afirmou que "as
autoridades estaduais não
conseguiram justificar, ou ao
menos tornar compreensíveis
a série de decretos e determinações interpretados como
atentatórios à autonomia".
Por que a Folha não pode
tornar os decretos "compreensíveis", traduzindo aos
leitores a terminologia legal?
Como passei quase toda a
semana no exterior, não me
sinto em condições de avaliar
outros aspectos da cobertura.
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