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Carlos Heitor Cony

A luz vem do Oriente?

RIO DE JANEIRO - Comenta-se, com certo júbilo, as mudanças que estão ocorrendo em parte do mundo árabe, que estão sendo chamadas de Primavera Árabe.

Há realmente um denominador comum em vários países daquela região, mas eu diria que há dois denominadores comuns. O primeiro, e mais óbvio, é o fato de nações subjugadas por tiranos de vários calibres se revoltarem contra governos totalitários e corruptos.

Muito sangue continua jorrando naqueles países, contrariando o ditado segundo o qual a luz vem do Oriente, "ex oriente lux".

O segundo denominador comum é que ninguém sabe -nem o pessoal de lá nem o de cá, ou seja, do Ocidente que se diz democrático ou liberal- o que está sendo preparado para substituir os regimes depostos.

Não há uma liderança clara, um programa nacional de corte positivo. Em cada país, há o ostensivo repúdio ao existente, mas não está claro, ainda, o que virá depois. Somente o sentimento da revolta não basta para haver uma Primavera Árabe de fato.

Essa falta de liderança -pensando bem- não afeta apenas os países que estão se movimentando em busca de um destino maior e melhor.

Tanto na Europa como nas Américas, não há líderes convincentes, o próprio Obama vem se desgastando a cada dia, sua reeleição está cada vez mais difícil.

O Brasil não se excetua nesse quadro de mediocridade política. A turma que cumprirá, em breve, o primeiro ano de governo, está enrolada em sucessivas crises, nas quais todos estão voltados para minimizar escândalos que surgem diariamente.

Ainda é cedo para termos uma perspectiva da era Lula, na qual não faltaram escândalos, mas sentia-se a presença de uma referência, de um ponto fixo na vida nacional, em torno do qual as coisas boas e más giravam.

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