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Livres para gastar

Causa certa inconformidade ver as imensas filas de brasileiros em frente ao consulado dos Estados Unidos, solicitando visto para entrada naquele país. É como se uma atividade corriqueira, como fazer viagens de turismo, necessitasse de uma concessão especial, cujo deferimento se espera com o coração nas mãos.

Razões práticas -como considerações de segurança ou o combate à imigração ilegal- sem dúvida orientam os procedimentos adotados pelos Estados Unidos, a que aliás o Brasil responde de forma equivalente.

É precisamente de um ângulo prático, todavia, que mudanças na burocracia consular começam a ser cogitadas por setores da sociedade norte-americana.

Grupos ligados à indústria turística, assim como associações de lojistas e a própria Câmara de Comércio dos Estados Unidos, defendem o fim da exigência de visto para turistas brasileiros.

No Senado americano, tramita um projeto de lei para pelo menos acelerar o processo burocrático, no que se refere a visitantes originários do Brasil, da Índia e da China.

Afinal, 1,2 milhão de brasileiros viajaram aos Estados Unidos em 2010. A cifra só é inferior à dos visitantes britânicos e japoneses. Cidadãos de 36 países já estão isentos de visto para entrada nos EUA -e não gastam mais do que os brasileiros em viagem.

A despesa de turistas brasileiros nos Estados Unidos foi de quase US$ 6 bilhões em 2010. Eis um argumento de peso para se buscar, pelo menos, diminuir um prazo de espera na obtenção de vistos que, na alta temporada, chega a ser de 140 dias. Parece irracional, ademais, mobilizar mais e mais funcionários consulares para um esforço de triagem que termina barrando apenas 5% dos candidatos a ingressar naquele país.

Curiosamente, provêm do Itamaraty algumas resistências à isenção. Teme-se que aumente o número de brasileiros retidos em aeroportos americanos, por não terem sido submetidos à filtragem prévia atualmente em vigor.

É o caso, entretanto, em que os percalços de uma minoria imprevidente terminam justificando o prejuízo, em termos de tempo e dinheiro, da maioria que viaja sem ter nada a esconder. Exceto, talvez, o excesso de dólares na ida e de mercadorias na volta -problema que não diz respeito, é claro, às autoridades americanas.

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