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Hélio Schwartsman Dilma fenômeno SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff é um fenômeno. Já perdeu cinco ministros por suspeitas de irregularidades -e está com o sexto e o sétimo postados na linha de tiro- e ainda assim consegue passar a ideia de que promove uma faxina na administração, como se não fosse dela a caneta que os nomeou. Pode-se dizer, em favor da presidente, que não foi ela quem inventou o loteamento de cargos e o fisiologismo, que desde sempre deram o tom da política brasileira. O fato de não ser a criadora dessas instituições, porém, não a isenta de responsabilidade pela sua manutenção. Se há alguém que tem condições de pelo menos tentar reduzir essas práticas, é a presidente da República. Não há, porém, sinais de que pretenda fazê-lo. O Ministério do Esporte, que celebrizou a expressão "porteira fechada", não saiu das mãos do PC do B. Carlos Lupi é mantido no cargo apesar das surpresas quase diárias com que nos brinda. O próprio alcance da reforma ministerial parece diminuir a cada dia. Algum tempo atrás, ainda se falava em reduzir pastas e racionalizar a estrutura. Agora, há quem diga que algumas secretarias poderão ser promovidas a ministérios. O fato é que a máquina do governo, com seus 23,5 mil postos de livre nomeação, facilita apadrinhamentos, corrupção e tráfico de influência. A lista de cargos a preencher em alguns ministérios é tão grande que representa um desafio até à biologia. O antropólogo Robin Dunbar estimou em 150 o número máximo de pessoas com as quais um ser humano consegue estabelecer relações estáveis, isto é, mantendo uma contabilidade social que permita distinguir os colaboradores confiáveis dos espertalhões e trapaceiros. É claro que mexer nesse vespeiro seria complicado, mas é uma pena que Dilma tenha se resignado com a "realpolitik" sem nem mesmo uma tentativa de aprimorar as instituições republicanas do país. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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