Raul Juste Lores

Invejinha da Ásia

SÃO PAULO - Quer ver modernidade? Esqueça cidades europeias e americanas. As metrópoles asiáticas competem para ver quem será a Nova York do século 21.

Hong Kong já surpreende no desembarque. Você passa pelo controle de passaportes e recolhe a bagagem em menos de meia hora, e pega o metrô ali mesmo. Na volta, você pode despachar a bagagem e fazer check-in no metrô, no centro da cidade, e ir curtir a vida de mãos livres.

Milhares de habitantes de Hong Kong usam uma rede de esteiras rolantes, os "escalators", para subir e descer os morros rumo ao distrito financeiro. A pequena multidão pela pirambeira provocou o surgimento de dezenas de lojinhas, restaurantes e bares virados para a passarela.

Seul construiu 100 km de metrô na última década, chegando a 310 km de extensão (São Paulo fez 74 km em 40 anos). Isso em uma democracia com protestos diários e mão de obra e terrenos inflacionados.

Xangai já tem a maior rede de metrô do mundo, com 440 km -a primeira estação é de 1995!

Quando morava em Pequim, fui dar uma palestra na prestigiosa Universidade Tsinghua em um sábado à noite. E não é que o campus estava lotado? Cursos de MBA, jovens com laptop no gramado, instalações imponentes tinindo de novas -até os filhos da elite se matam de estudar.

A Malásia quer virar um polo de filiais das maiores universidades do mundo para a emergente classe média asiática, e Cingapura já faz isso na área de saúde, com os melhores tratamentos do continente. Até a caótica Índia construiu, em apenas três anos, o colossal aeroporto de Nova Déli, o sexto maior do mundo.

Não há lugar para complacência -aeroportos petistas e metrô tucano mostram que a lentidão aqui é suprapartidária. Esses países asiáticos têm tamanhos e regimes políticos diversos, mas compartilham a enorme pressa em alcançar o futuro. É com esses países, tão emergentes quanto nós, que o Brasil terá que competir.