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Bagagem aliviada

De tão atolado na burocracia, o cidadão brasileiro termina encarando como natural e inevitável uma série de regras e procedimentos cujo sentido parece escapar às próprias autoridades que os conceberam.

É com agradável surpresa, assim, que se recebe a notícia de que alguém de bom-senso no governo resolveu, desta vez, suspender uma exigência claramente inútil.

Mantinha-se por pura inércia cartorial o documento intitulado Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA), que todo brasileiro é forçado a preencher ao voltar de viagens internacionais.

Sabe-se o quanto esse papelzinho pode acrescentar de incômodo à já desconfortável situação do passageiro. Remexe-se na poltrona exígua em busca da caneta, tenta encontrar espaço entre os resí-

duos do serviço de bordo para completar o formulário, no qual, todos sabem, irá apenas reiterar a asserção de que nada tributável carrega na bagagem.

O exame das malas será, de todo modo, feito pelos fiscais, se assim lhes parecer necessário. Ou não, conforme se acenda a luz correspondente na porta de saída. De que adianta, assim, a famosa declaração?

"Em torno de 90% dos passageiros ficarão dispensados do preenchimento", comemora o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto. Pretende-se não só facilitar a vida do turista, como também contribuir para algum desafogo nos aeroportos.

Não se trata apenas da iminência da Copa do Mundo; mais e mais brasileiros têm acesso ao turismo internacional. Por mais que, nas atuais condições da economia, o consumo dos brasileiros no exterior esteja longe de se circunscrever aos modestos limites permitidos pela alfândega, é melhor investir numa fiscalização seletiva -e livre de corrupção- do que na formalidade fantasiosa de declarações que ninguém lê nem leva a sério.

Um levantamento mais extenso da quantidade de exigências semelhantes -tanto na vida empresarial quanto na do cidadão- ainda está por ser feito.

Não raro, quem viaja ao exterior se surpreende com a facilidade encontrada em alguns países ao efetuar compras, solicitar serviços ou inscrever-se em atividades corriqueiras.

Eis uma mentalidade que, ao lado de tantos badulaques eletrônicos, valeria a pena trazer, junto da bagagem, para consumo dentro das fronteiras do país.

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