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Vinicius Mota

Futuro com classe

SÃO PAULO - "Depois da queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética..." Quantos textos abertos ou interpolados com esse mote tivemos de suportar nos últimos 20 e poucos anos!

O passar do tempo trouxe outros indicadores de guinada histórica. "Com o advento da internet e das redes sociais..." Depois de uma dessas, costumo preparar-me para o pior.

Eis uma inovação nesse gênero de clichês: o potencial transformador da chamada classe C.

Ao ganhar maturidade e adquirir seus bens de conforto, a classe popular emergente "passará a cobrar melhora na infraestrutura urbana e nos serviços públicos de educação e saúde". Será o "motor" de uma "alteração na economia política" que fará o Brasil engatar a quinta marcha do crescimento econômico.

O vaticínio, publicado ontem nesta Folha, é do economista Samuel Pessoa. Trata-se de um dos melhores profissionais de sua geração, vetor de estudos rigorosos que vão da macroeconomia à avaliação de políticas públicas.

Ao longo da carreira, Pessoa distanciou-se do PT e aproximou-se do PSDB. Até recentemente, era assessor de Tasso Jereissati no Senado. Hoje é consultor privado e professor da FGV.

O artigo do economista contém seja os pressupostos programáticos remanescentes, seja o desalento da oposição tucana. Até aqui os brasileiros escolheram crescer menos e distribuir mais, afirma. Daí a evolução modesta do PIB.

Isso mudará "mais para 2018 que para 2014" -traduzindo, ficou difícil destronar o PT na próxima eleição. A classe C, segue Pessoa, vai operar a transformação ao exigir eficiência do governo, cortes de impostos e aceleração do crescimento.

Da antiga matriz esquerdista, o professor parece ter retido a ideia de que há uma classe portadora de futuro e razão a guiar a história. Não deixa de ser curioso.

vinimota@uol.com.br

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