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Michael Klein

A roda brasileira da produção

Para atender a demanda de consumo em massa, nosso mercado interno cresce a cada ano e, assim, cria mais trabalho, renda e dignidade

O Brasil parece estar trilhando o caminho certo em direção a uma sociedade mais justa e afluente.

Segundo estudo divulgado recentemente pela OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, o think tank das nações mais industrializadas do mundo, o quadro da distribuição de renda no Brasil vem apresentando melhoras significativas, ano após ano. E uma tendência dessa envergadura social certamente não poderia estar acontecendo por acaso.

Vivemos hoje, sem dúvida alguma, em um país mais justo, graças às políticas públicas dirigidas à baixa renda, como o Bolsa Família, mas também pela emergência de um extraordinário mercado interno consumidor brasileiro. É ele o grande motor gerador de nossa riqueza. Já incorporou 32 milhões de consumidores das classes C, D e E nos últimos anos e continua agregando novos contingentes populacionais antes excluídos do mercado.

Apesar dos enormes desafios à nossa frente -não podemos fechar os olhos para as injustiças e para a violência que ainda ameaçam a paz das nossas famílias-, o certo é que vivemos um momento único na história brasileira.

Finalmente, após décadas de maturação política e econômica, com marchas e contramarchas, golpes e contragolpes, desencadeamos o círculo virtuoso do desenvolvimento sustentável: em ação surge uma vibrante classe média, cada vez mais numerosa, girando a roda da produção e dos serviços.

Para atender a essa extraordinária nova demanda de consumo em massa, nosso mercado interno cresce a cada ano e, assim, cria mais trabalho, renda e dignidade para a população. De quebra, também acaba protegendo o país da grave crise que vem paralisando algumas das principais economias globais.

Assim como aconteceu na formação de grandes potências mundiais -e os Estados Unidos são sempre a melhor referência histórica de uma formidável democracia alicerçada sobre uma enorme classe média-, o palco socioeconômico brasileiro cresceu e amadureceu.

O que se vê hoje são os novos rostos brasileiros ocupando papéis de protagonistas na vida do país. São pessoas que passaram a deter capacidade financeira para comprar do carro zero ao computador, da casa nova ao pacote de viagens.

Ao mesmo tempo, a emergência dessas novas camadas sociais também passou a mostrar ao país uma necessidade urgente de atender as novas demandas por educação, moradia, saneamento básico, transporte público, cultura e acesso à cidadania plena.

De extrema importância na formação da nova classe média -hoje com o poder de definir do próximo presidente da República às metas futuras de investimentos públicos e privados-, cumpre também valorizar o papel desempenhado pelo varejo popular e a revolução do crédito ao consumidor no Brasil.

Sem precisar entrar na questão do que veio antes, "o ovo ou a galinha", não resta dúvida de que as linhas de crédito oferecidas pelas grandes redes varejistas possibilitaram à massa da população o acesso a bens de consumo antes restritos apenas às elites.

Ao impulsionar esse novo consumo, o comércio popular alavancou a produção industrial e desencadeou esse círculo virtuoso que está gerando uma sociedade mais dinâmica, consciente de seus direitos e deveres e, sobretudo, mais justa.

MICHAEL KLEIN é presidente do conselho de administração da Globex, holding que abriga as marcas Casas Bahia e Ponto Frio.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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