Índice geral Opinião
Opinião
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Edinho Silva

Políticas públicas em vez da força

Correram o mundo as imagens da inabilidade do Estado e do município para lidar com o problema de moradia no Pinheirinho

O senador Aloysio Nunes, em artigo publicado neste espaço em 1º de fevereiro, tentou tirar as responsabilidades dos governos do PSDB no episódio envolvendo a reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, e, de forma grosseira, tangenciou o verdadeiro debate, atacando o Partido dos Trabalhadores.

O fundamental no episódio envolvendo a desocupação da área sub judice é o método do PSDB para enfrentar as questões sociais, seja no governo do Estado, seja no município em que ocorreu o conflito.

Portanto cobrar do governo federal a liderança na construção de soluções no caso é, no mínimo, hipocrisia. Mesmo assim foi o governo da presidente Dilma que teve as principais iniciativas para evitar o pior, que acabou ocorrendo por inabilidade dos agentes públicos municipais e estaduais.

Se há hoje no Brasil problemas sociais graves relacionados à moradia, é porque no período anterior ao do governo Lula, inclusive nos oito anos liderados pelo PSDB, não existiu qualquer programa habitacional que enfrentasse a crescente demanda, principalmente da população de baixa renda.

Foi no governo Lula que se criou o Programa Minha Casa, Minha Vida, com continuidade no governo Dilma. Uma referência para o mundo e que, somente na sua primeira fase, até 2010, alcançou mais de

1 milhão de moradias contratadas, sendo mais 180 mil para o Estado de São Paulo. Um programa que oferece a oportunidade da casa própria para famílias com renda de até três salários mínimos, com prestações que se iniciam a partir de R$ 50.

Em vez de atacar o PT, o senador, que foi ministro na gestão FHC e secretário do governo Serra em São Paulo, deveria fazer a autocrítica sobre os problemas sociais urbanos existentes no Estado, de responsabilidade do partido do qual ele é filiado há duas décadas.

O grupo político do qual faz parte o senador governa o Estado de São Paulo desde a redemocratização, na década de 1980, tempo mais que suficiente para criar programas sociais para evitar que o Estado mais rico da nação mostrasse ao mundo cenas tão deprimentes.

Quem denunciou o desrespeito aos direitos humanos, no processo de reintegração de posse e no tratamento às famílias pós-desocupação, não foi o Partido dos Trabalhadores, mas os próprios moradores que vivenciaram a operação violenta que deixará sequelas no imaginário de crianças e adultos.

Correram o mundo as imagens da inabilidade das estruturas governamentais municipal e estadual para lidar com o conflito gerado por uma injusta estrutura social secular. Os fatos demonstram o descaso e a completa insensibilidade em se colocar no lugar das famílias, que perderam tudo.

O que mais me estranha na manifestação do senador Aloysio Nunes Ferreira é a forma como se esforça para minimizar os fatos rechaçados por lideranças nacionais e internacionais. A forma como tenta partidarizar um debate que deveria ser enfrentado como uma questão de aperfeiçoamento dos instrumentos do Estado na construção da democracia. Com tamanho esforço em distorcer fatos, Aloysio Nunes vira as costas à sua própria história.

EDINHO SILVA é deputado estadual e presidente do PT-SP.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.