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O pós-Chávez

Vitorioso nas prévias realizadas pela oposição no último domingo, o venezuelano Henrique Capriles Radonski, que deverá enfrentar Hugo Chávez no pleito presidencial de 7 de outubro, costuma elogiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o "modelo brasileiro".

O governador do Estado de Miranda, localizado ao norte do país e vizinho da capital, Caracas, parece ter aprendido uma lição histórica: na América Latina que trocava os governos rotulados como neoliberais por outros populistas, à esquerda, o Brasil vem trilhando o caminho mais equilibrado.

Depois de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e de Lula (2003-2010), tornou-se difícil para qualquer candidato abrir mão das marcas deixadas por ambos. No primeiro caso, o apreço por instituições democráticas e estabilidade da economia; no segundo, o compromisso com inclusão social, crescimento e emprego.

Ao eleger o Brasil como parâmetro, Capriles reafirma a estratégia eleitoral de substituir o jogo de tudo ou nada, que tem marcado as relações entre oposição e governo na Venezuela, por um projeto que procura conciliar respeito à democracia e à racionalidade econômica com sensibilidade social e programas distributivos.

Nesse sentido, Capriles tenta se apresentar menos como um "anti-Chávez" do que como um "pós-Chávez". Não por outra razão, tem sido repreendido por nomes ligados à oposição histórica, que consideram muito brandos seus pronunciamentos contra o chavismo.

Para calar esses críticos, o agora candidato da MUD (Mesa de Unidade Democrática), que congrega duas dezenas de agremiações, tem ótimos números a apresentar: obteve 1,8 milhão (62%) dos 2,9 milhões de votos das prévias.

Católico de origem judaica, filho de famílias abastadas por parte de pai e de mãe, Capriles, 39, tentará agora consolidar o apoio das legendas oposicionistas tradicionais e, ao mesmo tempo, manter o tom moderado, com vistas a atrair o eleitor indeciso e até chavistas.

Chávez é comparado pelo jovem rival com um "cavalo velho", que já trabalhou muito e precisa de descanso. Não é um líder a subestimar, contudo. Embora colha maus resultados, com inflação alta e criminalidade crescente, o autocrata bolivariano concentra poderes suficientes para se reeleger.

Recuperado, ao que parece, do câncer, Chávez é até aqui, segundo as pesquisas, o favorito para ganhar a eleição. A oposição tem até outubro para reverter esse quadro.

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