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Viravolta paulistana

José Serra será, afinal, candidato a prefeito de São Paulo; é preciso agora iniciar debate de novas ideias para resolver problemas da cidade

O retorno de José Serra (PSDB) ao páreo das pré-candidaturas para a Prefeitura de São Paulo contribui para devolver certa racionalidade à política na maior cidade do país.

Premido pela ameaça de desgarre do afilhado Gilberto Kassab e seu recém-criado PSD, ambos ansiosos para cair nos braços governistas do PT, o tucano encontrou forças para romper a hesitação que o excesso de cálculo político e o personalismo transformaram em sua marca.

Quebrada a paralisia, Kassab foi mais longe: anunciou que Serra desistiria de candidatar-se à Presidência da República em 2014.

A intenção do atual prefeito de São Paulo terá sido vacinar a candidatura, se materializar-se por completo, contra a acusação de que Serra abandonaria a prefeitura para concorrer a presidente, como em 2006. Na prática, ao desidratar uma candidatura de peso para 2014, Kassab faz um favor aos petistas e às pretensões presidenciais dos tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin.

O problema premente de Serra eram as prévias do partido marcadas para domingo. O prazo para registro de pré-candidatos já venceu.

Havia quatro inscritos: José Aníbal, Bruno Covas, Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli. Covas e Matarazzo abandonaram a disputa. Aníbal e Tripoli ensaiam insistir nas pré-candidaturas, mas já pairam dúvidas sobre sua capacidade de resistência às pressões da cúpula e sobre a realização da consulta.

As prévias seriam um serviço à democracia partidária no Brasil. Claro está que realizar consultas a filiados é escolha interna de cada agremiação, mas poucos discordam de que propiciariam o debate de programas e contrabalançariam em parte o caciquismo que assola partidos de todos os naipes.

Até aqui, a pré-campanha para a eleição paulistana só ofereceu um espetáculo de oportunismo. O oscilante Kassab mercadejou com habilidade o apoio de seu partido de conveniência, como se não houvesse contradição entre prometer apoio ao tucano, caso se decidisse candidato, e cortejar o Planalto -justamente os extremos da polarização entre o PSDB e o PT que define hoje a política nacional.

Propostas para a cidade -o que mais conta- foram tudo o que não se debateu até aqui. Enquanto os mandachuvas se dedicam a maquinações partidárias, o trânsito paulistano continua um inferno, as enchentes retornam a cada ano, as filas de espera para atendimento de saúde se medem em semanas ou meses e milhares de crianças permanecem sem creches.

Se terminar desistindo das prévias, o PSDB perderá chance ímpar de dar o exemplo e mostrar que política não se faz só com esperteza, mas com ideias novas e factíveis para melhorar a vida dos eleitores.

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