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Guerrilha encurralada

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram a intenção de suspender o sequestro de civis, no futuro, e libertar seus dez últimos "prisioneiros de guerra", numa referência aos militares e policiais que ainda mantêm como reféns. Estima-se que outros 400 a 700 prisioneiros estejam em poder da organização de guerrilha.

Ao anúncio, recebido com cautela e ceticismo pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, seguiu-se mais um ato terrorista por parte das Farc. Na segunda-feira, o grupo usou morteiros e bombas para atacar um posto militar e uma delegacia de polícia, no sudoeste daquele país.

Os dois gestos, em aparência paradoxais, são sintomáticos do enfraquecimento da narcoguerrilha, resultante da bem-sucedida estratégia de confronto com o grupo adotada pelos governos de Santos e seu antecessor, Álvaro Uribe.

As Farc acenam com a oferta de retomar negociações de paz com os poderes constituídos na Colômbia. Mas sua aparente disposição para o diálogo só cresce na medida em que sofre sucessivas perdas territoriais e de poderio militar.

O desmonte da organização se reflete no contingente de guerrilheiros em serviço, reduzido a menos da metade dos 20 mil homens que há uma década arregimentava. Após controlar militarmente até 40% do território, as Farc encontram-se hoje confinadas em regiões fronteiriças e de selva. Alguns de seus principais líderes foram mortos em confrontos.

A diminuição de sua área de atividade e a pressão eficaz das forças de segurança do país tornaram mais difícil a prática de sequestros por parte do grupo. São razões práticas, e não a súbita manifestação de alguma consciência moral, que explicam o anunciado abandono dessas ações. A perda de território também estrangula a outra principal fonte de recursos do grupo: o narcotráfico.

Encurraladas, as Farc vêm agora pedir ao governo que se sente à mesa de negociação e aceite a troca de prisioneiros. Um simples aceno retórico não basta, respondeu Santos, e com razão. É preciso que o grupo abandone suas atividades criminosas e liberte as centenas de civis que ainda mantém como reféns, muitos há mais de uma década sem ver a família.

Mais cedo ou mais tarde, chegará ao fim essa organização anacrônica, delinquente e cruel. Seu desmonte representará uma vitória para a democracia na Colômbia e na América Latina.

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