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Do nacional ao local

Apesar de seus ingredientes federais, campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo deveria concentrar-se em soluções para a cidade

Em carta endereçada ao PSDB, na qual manifestou seu desejo de candidatar-se à prefeitura paulistana, o ex-governador José Serra citou como um dos motivos da esperada decisão a perspectiva de "avanço da hegemonia" petista.

A disputa assumiria, na ótica de Serra, a dimensão de um embate federal entre "duas visões distintas de administração dos bens coletivos, duas visões distintas de democracia, duas visões distintas de respeito aos valores republicanos".

É verdade que uma vitória do PT na maior cidade do país poderia ajudar o partido a interromper, num próximo passo, a longa permanência dos tucanos à frente do governo do Estado.

Não por acaso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu, mais uma vez, o papel de demiurgo. Impôs à sigla um nome novo e supostamente palatável ao eleitor de classe média, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad.

A possibilidade de que o petista recebesse apoio do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), precipitou a decisão do PSDB. Serra era o único nome capaz de impedir a controversa aliança e manter o roteiro eleitoral mais próximo do previsível.

É verdade que o empenho de Lula -e do Planalto- na defesa de Haddad e o perfil de candidato à Presidência do rival tucano contribuem para ampliar o significado do pleito, mas é enganosa, além de indesejável, a ideia de que os paulistanos irão às urnas numa espécie de terceiro turno de 2010.

Eleições municipais, mesmo em capitais de projeção nacional, tendem a concentrar-se em aspectos que dizem respeito à vida da cidade. E, numa metrópole como São Paulo, os problemas não são poucos -trânsito complicado, transporte coletivo deficiente, carência de creches, favelização etc.

Quanto às visões divergentes mencionadas por Serra, na prática elas se mostram cada vez menos distintas. Do ponto de vista ideológico, os dois partidos poderiam formar as alas de centro-direita e de centro-esquerda de uma mesma agremiação social-democrata. No que diferem as propostas de PT e PSDB para a cidade? Aliás, quais são essas propostas?

Resta saber, por fim, se a esperada polarização PT-PSDB irá consumar-se. Pesquisa Datafolha mostrou que Serra, após o anúncio da candidatura, chegou a 30% das intenções de voto. Haddad, conhecido só por 40% do eleitorado, alcançou apenas 8% das preferências -e isso no melhor cenário.

À semelhança do que ocorreu quando Lula "inventou" a candidata Dilma Rousseff, Haddad pode adquirir condições de disputar com Serra. Faltam ainda sete meses para a eleição.

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