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PIB amarrado

Taxa de expansão de 2,7% em 2011 ficou aquém dos 4% desejados pelo governo, que adia reformas para o país crescer com inflação baixa

O crescimento do PIB de apenas 2,7% em 2011 não trouxe surpresas.

Frente à estagnação do terceiro trimestre, que levou o BC a um ciclo de corte de juros, a alta de 0,3% no quarto trimestre representou até uma pequena aceleração e, com ela, algum alento. Mas, em relação ao previsto pelo governo até meados do ano passado, quando falava em crescimento superior a 4%, o resultado decepciona.

Quando se considera o péssimo desempenho inflacionário -6,5%, justamente o teto acima do centro da meta de 4,5%-, o quadro ganha cores sombrias: o país cresce pouco e com inflação alta.

O prognóstico para 2012 é um pouco melhor. O crescimento do PIB pode ficar próximo de 3,5%, e a queda dos preços das commodities pode permitir a redução da inflação para perto de 5%.

O PIB se acelerará em decorrência dos numerosos estímulos dos últimos meses. A correção de 14% do salário mínimo e o desemprego em queda impulsionarão a renda das famílias. As despesas federais (excluindo juros) devem crescer 8% neste ano, contra 2,5% em 2011, e os Estados foram autorizados a contratar R$ 40 bilhões em novas dívidas para investimentos.

O crédito público também continuará a crescer -Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES expandem suas carteiras em ritmo superior ao dos bancos privados. E, por fim, o Banco Central continua a reduzir os juros, de 12,5% em agosto do ano passado para algo próximo de 9% em breve, a julgar pelos documentos do Copom (Comitê de Política Monetária).

Hoje à noite, o juro pode cair a 10%, se for mantido o ritmo de redução em meio ponto percentual. Admite-se até uma aceleração nos cortes, como forma de conter a entrada de recursos externos (em busca de lucros com a diferença entre a taxa de juros dentro e fora do país), fomentada pela política de juros zero nos países desenvolvidos.

O BC acertou em iniciar a redução de juros no ano passado e deve permanecer nesse curso. Há o risco, no entanto, de exagerar na dose com novas medidas expansionistas, antes que as já adotadas surtam todo o seu efeito. A fixação do Planalto com um crescimento do PIB de mais de 4% em 2012 pode ser imprudente, se não suscitar providências para aumentar a eficiência da economia e eliminar gargalos como indexação, custos altos em energia e mão de obra, baixa concorrência etc.

Até a China já aceita crescimento menor, em favor de qualidade e equilíbrio. Cabe ao governo desatar as amarras que impedem a economia de crescer com inflação baixa.

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