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Ponto para Obama

Mitt Romney vence 6 das 10 primárias da "superterça", mas com alguma dificuldade; longa disputa republicana favorece o atual presidente

O maior vitorioso das primárias republicanas na dita "superterça" foi o democrata Barack Obama.

As prévias em dez Estados, concentradas num único dia, definem quase 20% dos delegados que escolhem o candidato na convenção partidária e, por isso, costumavam consagrar o postulante. Foi assim com George W. Bush em 2000 e com John McCain em 2008, mas não com Mitt Romney em 2012.

Romney, é certo, foi o mais bem votado. Venceu em seis Estados e fez o maior número de delegados. Não foi, contudo, capaz de desferir um golpe definitivo contra os rivais. Rick Santorum e Newt Gingrich prosseguem vivos na disputa.

Ao que tudo indica, Romney deverá sagrar-se candidato. No momento, sua grande dificuldade reside no fato de não ser tão conservador quanto exigem as facções mais ativas do partido, notadamente o Tea Party.

Um exemplo: é quase impossível definir a posição do ex-governador de Massachusetts sobre o aborto, pois ele externou opiniões diversas em vários momentos, segundo as conveniências políticas. E, para os grupos mais à direita no conservador espectro republicano, apenas tergiversar nessa questão já constitui motivo de rejeição.

Agravante adicional: Romney é mórmon. Essa religião desperta desconfiança, se não desprezo, na maioria de evangélicos e católicos.

Apesar disso tudo, o eleitor republicano parece intuir que Romney encarna o pretendente com melhores chances de enfrentar Obama em novembro. Seus concorrentes, embora mais ao gosto do Tea Party, são vistos como radicais demais para sensibilizar o "average Joe" (eleitor médio), que, de fato, decide os pleitos nos EUA.

Os republicanos mais conservadores aproveitam o momento de pouca força do pré-candidato para empurrá-lo mais à direita.

Há quem prognostique que a radicalização das primárias republicanas irá produzir um candidato fraco, que já nascerá mutilado pelas disputas fratricidas.

Não se pode menosprezar, porém, a capacidade dos republicanos de, num segundo momento, unir-se em torno da bandeira comum: derrotar Obama. Nessa eventualidade, a relativa moderação de Romney, hoje um ônus, deverá converter-se em bônus.

Enquanto os republicanos se digladiam numa milionária guerra de acusações em anúncios agressivos na TV, quem se sai bem é justamente Barack Obama. O atual presidente e candidato à reeleição vai sendo poupado por mais algumas semanas do fogo concentrado de seus adversários e arrecada mais recursos para a campanha.

Melhor ainda para Obama, o estado da economia, que alguns meses atrás parecia conspirar contra sua recondução, dá sinais cada vez mais claros de que uma lenta e eleitoralmente propícia recuperação está em curso. Se surpresas traumáticas originadas do Irã, da Europa ou do preço do petróleo pudessem ser de todo excluídas, ele já poderia dar-se por reeleito.

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