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Abuso caminhoneiro

A paralisação de caminhões que entregam gasolina, álcool e diesel na região metropolitana de São Paulo perdeu força ontem, mas seus efeitos desastrosos prosseguirão por alguns dias. A previsão é que ainda mais postos de combustíveis fiquem fechados por falta dos produtos -uma agressão revoltante contra os cidadãos.

O pretexto do movimento que ameaçou parar a maior cidade do país foi a entrada em vigor da proibição de caminhões em 25 vias de grande tráfego, com destaque para a marginal Tietê, das 5h às 9h e das 17h às 22h. Em protesto, motoristas de caminhões-tanque -sob a liderança irresponsável de organizações como o Sindicam (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos de Bens)- suspenderam a distribuição para os postos de abastecimento.

Mesmo a greve sendo suspensa, serão necessários alguns dias para reabastecer todos os postos.

A escolha do instrumento de pressão contra a prefeitura mostra-se duplamente nociva aos paulistanos. Antes de mais nada, porque foi calculada para causar o maior dano possível. "Estou fazendo uso da carga líquida porque ela mostra, com mais rapidez, a necessidade de alguém conversar", confessou Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicam.

A agressão, contudo, era ainda maior. Os caminhões que entregam combustíveis serão pouco afetados pela medida, porque já estavam vetados na marginal Tietê, e em horários similares ao das novas regras de proibição, como mostrou reportagem desta Folha. Já em 2011 a prefeitura havia restringido o trânsito de produtos perigosos naquela avenida.

Agiu pronta e corretamente a Justiça ao conceder liminar para a prefeitura e as empresas distribuidoras, estipulando multa diária de R$ 1 milhão a sindicatos que lideram o abuso. A Polícia Militar montou comboios para evitar depredação de veículos de caminhoneiros que não aderiram.

Profissionais que não hesitam em tomar a população como refém para alcançar seus objetivos jamais entenderiam outra linguagem que não a da intimidação, pecuniária ou policial. Um revide legítimo do poder público, e na mesma moeda da inaceitável provocação.

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