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Rogério Gentile

Passos de galinha

SÃO PAULO - A medida é impopular, causa horror a político em ano de eleição, mas é cada vez mais necessária. Ainda que leve alguns anos para implantá-la, a cidade de São Paulo, cuja frota já extrapola os 7,2 milhões de veículos, não vai conseguir escapar do pedágio urbano.

Por dia, cerca de 680 novos veículos passam a rodar na cidade. São 28 a mais por hora a reforçar os índices de trânsito, acidentes e poluição.

Em muitas avenidas, como já demonstrou a Folha, os carros são obrigados a circular numa velocidade média tão baixa que, em uma disputa, não conseguiriam ultrapassar uma simples galinha.

É claro que uma política de transportes bem desenhada -com semáforos coordenados e que não quebram quando falta luz, bolsões de estacionamento perto do metrô e equipes ágeis para desbloqueio do tráfego em casos de acidentes- pode melhorar um pouco a situação. Assim como a adoção de medidas que aproximem moradias e empregos, reduzindo deslocamentos.

Hoje, em decorrência da falta de planejamento e do crescimento desordenado, existem bairros na periferia como Cidade Tiradentes, onde há 8,6 moradores por emprego. E outros, em áreas como a Barra Funda, onde ocorre a situação inversa: há 8 empregos por habitante.

Mas, na prática, todas essas medidas -incluindo a restrição à circulação de caminhões promovida pela prefeitura, que tanta polêmica tem provocado- são paliativas. Para enfrentar de uma vez o problema da locomoção das pessoas numa cidade como São Paulo, é necessário implantar uma política mais dura.

O pedágio urbano afastaria muitos carros e motos das ruas, abrindo espaço para um transporte coletivo mais eficiente e rápido. E financiaria o aumento e a qualificação das redes de metrô, trem e ônibus.

Se o próximo prefeito não tiver coragem para adotá-lo, no ritmo em que a frota cresce, o paulistano vai sumir do retrovisor da galinha.

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