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Raul Juste Lores

Defender a indústria em mandarim

SÃO PAULO - O Brasil precisa negociar melhor seu crescente comércio com a China? Precisamos ser mais "duros" ou, pelo menos, entender melhor o gigante asiático?

Finalmente, o Itamaraty começa a reforçar um programa para estimular seus diplomatas a aprender mandarim. Além dos cursos, iniciados há menos de dois anos, os que tiverem mais destaque poderão se inscrever para programas de imersão na própria China, com 20 horas semanais por um semestre, que podem ser renovados. No futuro próximo, os melhores serão favoritos para as vagas de nossa embaixada em Pequim.

O chanceler Antonio Patriota, que serviu em Pequim nos anos 80, é um entusiasta do assunto, e estuda mandarim sempre que pode. Até há pouco, nossa embaixada contava com só um diplomata fluente no idioma.

Apesar do seu discurso de redesenhar a geopolítica mundial e do discurso sul-sul, o ex-chanceler Celso Amorim ficou devendo com a China.

Em seu mandato de oito anos, a Embaixada do Brasil em Pequim continuou minúscula e os estímulos para que os diplomatas fossem para o outro lado do mundo eram mais que escassos. O consulado em Guangzhou, a terceira maior cidade do país e sede da maior feira comercial da Ásia, patinou quase uma década para ser aberto.

Mas esperar tudo do governo é quase tão anacrônico quanto se restringir ao circuito Elizabeth Arden. Não raro, missões empresariais brasileiras à China se resumem a passeios de executivos deslumbrados comprando produtos pirateados, com excursões à Grande Muralha e à Cidade Proibida. Zero mergulho no futuro do setor de serviços da China, que vai crescer muito mais que o consumo de ferro. Acadêmicos brasileiros ainda lançam livros sobre a China sem jamais ter pisado no país.

Os chineses estão chegando, mas engasgamos com a tradução. Na nossa inexistente "Agenda China", o Itamaraty precisa tomar a dianteira.

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