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Melchiades Filho

Promessa é dívida

BRASÍLIA - Uma a uma, as promessas da campanha de Dilma Rousseff vão sendo esquecidas ou redimensionadas. Dois milhões de moradias, 6.000 creches e pré-escolas, 10 mil quadras esportivas, PAC 2: quase nada ficará pronto no prazo.

Não se deve subestimar as agruras da administração pública: gigantismo, loteamento, corrupção, ausência de instrumentos de cobrança e recompensa, orçamento engessado, conjuntura internacional... Mas Dilma, veterana em Brasília, sabia bem disso. Na Casa Civil de Lula, ela gerenciava todas as repartições -inclusive as que ajudaram a redigir seu programa de governo.

Talvez a presidente tenha chutado para cima os objetivos, para obrigar a máquina a se empenhar mais. Talvez ela tenha feito uma autocrítica e agora prefira não tocar obras a tocá-las de qualquer jeito.

O problema é que isso não resta claro. O Planalto insiste em jogar na defensiva -ou na confusão.

Tome-se o abandono da ideia de construir 2.883 Unidades de Polícia Pacificadora. Primeiro, o Ministério da Justiça admitiu ter baixado a bola, pois subestimara os custos. Depois, ante a má repercussão, alegou que o projeto "está ativo como nunca", com uma "readequação", e que não se deve confundir UPP com posto de polícia comunitária.

Em novembro de 2010, porém, o secretário-executivo do programa nacional de segurança foi explícito: a meta seria instalar 2.883 bases fixas de policiais. "A UPP é um nome específico do Rio. Nós chamamos de posto comunitário, um genérico."

Indagada naquele ano sobre o risco de não cumprir os compromissos assumidos, Dilma disse que, embora ambiciosos, eram todos factíveis: "Tem uma coisa importante: a curva de aprendizado, a capacidade do ser humano de aprender".

A convicção da candidata sumiu na Presidência. Seu governo ainda não aprendeu nem a explicar por que faz tão pouco do que jurou fazer.

melchiades.filho@grupofolha.com.br

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