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Fábio Seixas

Um longo Carnaval

RIO DE JANEIRO - A amiga do Leblon anda preocupada. O contrato do aluguel de 30 meses está prestes a vencer, e o senhorio já avisou que pretende um reajuste de 150%.

Em Ipanema, um apartamento de 76m², sem vaga de garagem e numa rua das mais movimentadas, é oferecido por R$ 5.000 mensais. E ainda tem o condomínio de R$ 776.

No meio dos classificados do jornal, um anúncio se sobressai. Promete um moderno três quartos na Tijuca "por um preço de antigamente".

Copa, Olimpíada, pré-sal, maior sensação de segurança, o bom momento do Brasil e o fato de o Rio ser um destino sedutor para quem cruza o Atlântico. Some isso à escassez de ofertas na badalada zona sul carioca.

O resultado são preços cada vez mais altos em apartamentos cada vez piores -aqueles que vão sobrando. E essa onda vai se espalhando por outros bairros da cidade.

Na semana que vem, o Secovi Rio vai lançar seu "Panorama do Mercado Imobiliário", edição 2011. Com números que dão a dimensão da loucura que virou o setor.

No centro, os preços dos aluguéis de apartamentos de dois quartos subiram 65,9% de fevereiro a dezembro. No Méier, a valorização chegou a 40,3%. Na Barra, 37,1%.

Na compra-e-venda, a coisa beira o descontrole. Na Lagoa, a valorização média de um quarto-e-sala foi de 91,5% no ano passado. Segundo a pesquisa, a demanda ali é de estrangeiros e migrantes de outros Estados chegando para trabalhar com petróleo ou na engenharia de obras ligadas aos Jogos.

Para quem tem um imóvel à disposição, claro, isso tudo é ótimo. Fonte de sustento. Para quem chega, bate saudade da época em que os preços de aluguéis no Rio só explodiam no Carnaval. Ainda no sono da quarta-feira, tudo voltava ao normal.

O Carnaval de agora é longo. Só termina em 2016.

fabio.seixas@grupofolha.com.br

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