Índice geral Opinião
Opinião
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Josué Gomes da Silva

Contradições celulares

A multiplicação do número de telefones fixos e móveis e seu barateamento foram os principais aspectos positivos da privatização do sistema Telebrás, em 1998.

Antes disso, é importante lembrar, os brasileiros sofriam para conseguir linhas residenciais ou empresariais, muitas vezes vendidas a peso de ouro e transformadas em investimentos. Havia, inclusive, um mercado paralelo. Até meados da década passada, também não era fácil ter um celular.

O sonhado salto de modernidade finalmente chegou com a concessão do sistema à iniciativa privada.

Abriu-se o mercado e se estabeleceu saudável concorrência. Isso possibilitou o ingresso da suposta tecnologia

de ponta e do know-how de prestação de serviços de operadoras estrangeiras, contribuindo para disseminar o acesso à telefonia móvel.

O total dessas linhas já chega a 1,4 vez a população. Uma das razões disso é o uso de dois números por cliente, de operadoras diferentes, para se evitar os altos custos de interconexão entre as companhias e ter opções de sinal.

Dado interessante decorrente desse fenômeno é que os aparelhos mais procurados são os de dual chips. Isso, entretanto, causa sobrecarga.

O tráfego de dados, som e imagem, por meio dos telefones com acesso à internet, também aumenta a demanda. Porém, vem aí o 4G, prestes a ser licenciado, e com alto índice de nacionalização. Esse novo avanço ajudará na melhoria da conexão de dados em alta velocidade.

A queda dos preços dos aparelhos e o pré-pago possibilitou o acesso democrático de grande parte da população. Porém essa modernidade ainda não responde integralmente ao que a sociedade gostaria e merece, conforme é observado nos índices de reclamação no Procon.

Os aparelhos são fantásticos e fazem de tudo (agenda, calendário, calculadora, máquina fotográfica, filmadora, internet, TV e rádio). Até mesmo, imaginem, são usados como telefones móveis.

Contudo os celulares no Brasil ainda são objeto de intrincadas contradições. Embora móveis, para se manter uma conversação sem cortes é preciso estar fixo. Caso contrário, cai a linha. Às vezes, é preciso ficar andando em busca do sinal. Em certos lugares, entretanto, o seu dia e seu trabalho é que ficam totalmente imóveis, pois é impossível falar. Então, o que deveria ser claro fica escuro, o som que precisaria ser vivo parece morto, o que não deveria ter fronteiras apresenta intransponíveis barreiras e quando tentamos dizer oi, o interlocutor já se foi.

Os avanços são inegáveis, mas há problemas que precisam ser solucionados, para que a telefonia móvel seja (mesmo!) um dos ícones do nosso desenvolvimento.

JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.