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Roubos e arrastões

Na manhã de terça-feira, a vida dos moradores de um prédio de classe média de São Paulo transformou-se num inferno.

Às 7h, um homem caracterizado como carteiro tomou a portaria e abriu a garagem para três automóveis com dez ladrões armados com pistolas e fuzis. Os criminosos renderam as pessoas que saíam para o trabalho, obrigando-as a voltar aos apartamentos para entregar valores. Até idosos e crianças foram amarrados e agredidos.

Foi o oitavo "arrastão" desse tipo de que se teve notícia na capital desde o início do ano. O número pode parecer pequeno, diante da floresta paulistana de edifícios, mas a frequência desse crime, que também se verifica em bares e restaurantes, ajuda a ampliar a sensação de insegurança na cidade.

O raciocínio é inevitável: se prédios com características similares às daqueles que habitamos são assaltados, corremos o mesmo risco.

Ainda que fatores irracionais possam atuar na propagação dos temores, há também dados objetivos que justificam a preocupação com a segurança pública paulista.

Não se pode esquecer que houve progressos na redução da violência, notadamente dos homicídios; por outro lado, foram registrados, no Estado de São Paulo, 755 roubos para cada grupo de 100 mil habitantes, no ano passado.

Já no Estado do Rio, as estatísticas apontam 660 roubos por 100 mil, no mesmo período. Nos EUA, em comparação, houve 533 roubos por 100 mil habitantes em 2009, o dado mais recente disponível.

Os roubos em São Paulo têm oscilado em patamar elevado nos últimos anos. Se desceram a 690 por 100 mil habitantes em 2008, escalaram a 806 por 100 mil, em 2009. Não há uma tendência clara de melhoria nesse quesito, como acontece com os homicídios, que caíram 72% em 12 anos. Com 10,05 casos por 100 mil pessoas, a taxa é menos da metade da nacional, em torno 25 por 100 mil.

Embora a redução dos homicídios seja especialmente benfazeja, por tratar-se do mais grave dos delitos, a defasagem em relação ao combate aos crimes contra o patrimônio serve de alerta para o governo do Estado.

Se é justo que as autoridades se congratulem pelos bons resultados no primeiro tópico, é inescapável que se mobilizem, logo, para enfrentar os obstáculos a impedir redução equivalente no segundo.

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