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Colisão no metrô

O fato de ser o primeiro acidente desse tipo com passageiros na história do metrô paulista não torna menos grave a colisão de trens na linha 3-vermelha, que causou pânico e deixou dezenas de feridos.

Pelo contrário, o episódio revela-se especialmente preocupante por ter ocorrido num período em que falhas em série acontecem na rede sobre trilhos de São Paulo.

Apenas neste ano contaram-se 30 panes na malha do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Houve ainda o choque entre uma locomotiva e um trem da linha 7-rubi, em fevereiro, que deixou 51 feridos.

Nessas circunstâncias, não basta que o governo do Estado continue a reagir com as protocolares promessas de apuração -o mínimo a esperar- e considerações sobre as dificuldades causadas pela avalanche de novos usuários.

Não há dúvida de que o Bilhete Único, a ampliação e a melhoria da rede e a elevação da renda das famílias traduziram-se em significativo aumento da procura por transporte. Desde 2006, o número anual de passageiros subiu 63% na CPTM e 44% nas linhas de metrô.

Só no ano passado, o acréscimo nos dois sistemas foi de 1,2 milhão de passageiros transportados. Passou-se de 5,9 milhões de pessoas para 7,1 milhões.

Não é bom sinal, porém, que o fenômeno tenha surpreendido o poder público a ponto de comprometer a operação dos trens e pôr em risco a segurança dos usuários.

Embora a palavra final dependa ainda das investigações, é possível que a colisão na sobrecarregada linha 3-vermelha tenha sido provocada por falha de manutenção de equipamentos do sistema de controle automático dos trens.

É previsível, nesse contexto, que o acidente -felizmente sem mortes- transforme-se em tema político. Embora o transporte metropolitano seja da alçada estadual, o fato de o ex-governador tucano José Serra almejar a prefeitura estimula críticas como as manifestadas pelo pré-candidato petista, Fernando Haddad -que se apressou a denunciar novamente um "apagão" dos transportes de São Paulo.

É evidente que existe um problema no setor, mas soa precipitado e até oportunista relacionar o acidente diretamente com isso.

Para solucionar de vez as dificuldades, não basta investir para reduzir a defasagem entre demanda e infraestrutura. Impõe-se criar uma autoridade metropolitana de transporte, capaz de planejar e gerir de maneira integrada a malha complexa da Grande São Paulo.

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