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Vinicius Mota

Adeus, países ricos

SÃO PAULO - O clube dos países desenvolvidos desfruta, neste 2012, de seus últimos momentos na liderança do PIB mundial. A partir do ano que vem, as nações emergen tes serão responsáveis pela maior parte da produção global.

O gráfico do Fundo Monetário Internacional, que compara os grupos de países de acordo com o poder

de compra das economias, está agora descrevendo um "xis". De cada US$ 100 produzidos no planeta ao final deste ano, US$ 49,90 terão vindo de nações não desenvolvidas.

Em 1980, esse mesmo conjunto de países respondia por menos de um terço do PIB global. Os ricos abocanhavam US$ 69 de cada US$ 100 produzidos sobre a Terra. Em 2017, a crer nas projeções do Fundo, ficarão com menos de US$ 46.

O ufanismo verde-amarelo já se insinua. A mística dos Brics estaria na base dessa dramática inversão de poder econômico, com destaque para a letra bê...

Sinto informar, leitor, mas, se dependesse do Brasil, a situação estaria ruça. Em 1980, a nação governada pelo general Figueiredo, apascentador de cavalos, detinha 3,9% do PIB terrestre; 32 anos depois, o país de Dilma fica com 2,9%. Ficamos menores, relativamente.

Já a China, que produzia 2,2% do volume de bens e serviços globais em 1980, agora engolfa 15%. Embora mais modesta, a evolução da Índia, de 2,5% para 5,8%, também ajudou a anular a dianteira dos países ricos.

Não tem mais bobo no PIB. O mundo com o qual nos acostumamos no século 20 virou de pernas para o ar no estalo de uma geração. O declínio do mundo rico é apenas relativo por ora -cresce mais devagar, ou fica estagnado, enquanto os gigantes emergentes arrancam.

Mas o que será de um Japão, de uma Itália ou de uma Espanha em 50 anos -ou em 100 anos? Viveremos para testemunhar algo como o empobrecimento dessas nações? Alguém arrisca um palpite?

vinimota@uol.com.br

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