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Hélio Schwartsman

Pedágio urbano

SÃO PAULO - Contrariando dois clichês sobre a cidade de São Paulo, acho que podemos afirmar com alguma segurança que ela não irá parar por causa dos congestionamentos e que existe uma solução para esse problema que, se não chega a ser mágica, é pelo menos eficaz.

As previsões de que São Paulo vai parar invariavelmente falham porque interpretam o trânsito como um fenômeno linear, quando ele é complexo e conta até com mecanismos de "feedback" negativo. Trocando em miúdos, se o trânsito fica muito ruim, as pessoas acabam criando novas formas de lidar com ele. A mais óbvia delas é reduzir ou limitar os seus deslocamentos pela cidade.

Isso já está ocorrendo há algum tempo. É um pequeno milagre que tem uma série de pequenas explicações. Elas incluem inovações que mantêm as pessoas em casa, como trabalhar pelo computador e serviços de motoboys e "delivery".

Embora criem oportunidades para alguns, os congestionamentos trazem um custo coletivo, além de nos torrar a paciência todos os dias. O secretário de Transportes afirmou, em artigo recente na Folha, que ele chega a algo entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões. Essas contas são sempre discutíveis, mas acho que ninguém discorda que a despesa é alta.

O problema de fundo é que somos 10 milhões de pessoas nos deslocando sobre um número mais ou menos inelástico de ruas. Nessas condições, não dá para defender que o sujeito que viaja de carro particular, que ocupa um espaço de 20 a 30 vezes maior do que o utilizado pelo passageiro de ônibus, tenha o mesmo direito de acesso às vias.

Por mais impopular que seja, é preciso impor um sobrepreço àqueles que utilizam espaços maiores para locomover-se, para o que o pedágio urbano é a melhor alternativa. Ele deve ser adotado não porque São Paulo vá parar, mas porque é o modo mais justo e democrático de renegociar as prioridades no trânsito.

helio@uol.com.br

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