Igor Gielow

O caso Perillo

BRASÍLIA - Aos trancos e barrancos, o lulismo conseguiu ao menos um de seus objetivos ao patrocinar a CPI do Cachoeira: colocou na berlinda o governador Marconi Perillo (PSDB-GO), que hoje terá de explicar suas relações com o "empresário de jogos" que dá nome à comissão de inquérito.

Como não colou até aqui a campanha patrocinada contra a imprensa, os petistas ligados a Lula se voltaram contra Perillo -figura nem de longe lateral no tucanato, ao contrário.

Por trás de tudo, a obsessão do ex-presidente em desqualificar o que for relacionado ao mensalão às vésperas de seu julgamento.

Para Lula e os seus, a imprensa tentou um golpe ao fazer jornalismo e revelar o mensalão. Na CPI, buscaram pôr a mídia no papel de cúmplice de Cachoeira, como se todos os seus métodos fossem então desprezíveis. Falharam.

Não é casual que agora o Maquiavel-geral da República, Márcio Thomaz Bastos, venha dizer que a mesma imprensa "tomou partido" contra os réus do caso. O embate mudou para outro canto da praça dos Três Poderes, já que só será na rua pretendida pateticamente por José Dirceu caso liberem uma graninha a mais para a UNE arregimentar uns "caras-pintadas" (e pagar o "open bar" depois, porque ninguém é de ferro).

Já Perillo, além de ser candidato a estrela de uma oposição cada dia mais insignificante, nunca foi engolido por Lula por ter dito que o havia alertado sobre o mensalão.

Pena ser assim, apenas parte da "luta política" tão cara ao PT.

Isso porque fica em aberto a possibilidade real de que o tucano acabe salvando-se em algum acordo maior, já que seu colega Agnelo Queiroz (PT-DF) também terá de depor à CPI amanhã e o governo federal sempre pode acabar engolido caso alguém decida desenrolar o novelo do "modus operandi" da construtora Delta.

E ambos, Perillo e Agnelo, devem, sim, muitas explicações.

igor.gielow@uol.com.br