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Expansão digital

Sistema 4G, nova tecnologia para telefones celulares, pode contribuir para democratizar acesso à internet -se forem evitadas as deficiências do 3G

O leilão das bandas para operação nacional de telefonia celular de quarta geração (4G), concluído ontem, ficou aquém do esperado.

Saíram vitoriosas as quatro principais operadoras do país, mas a baixa competição entre elas levou a pagamentos pouco acima do preço mínimo (31% de ágio, em média), na comparação com o leilão 3G de 2007 (média de quase 90%).

O total arrecadado pelo governo, R$ 2,93 bilhões, ficou abaixo dos R$ 3,85 bilhões projetados. Dos 269 lotes disponíveis, apenas 54 -os mais rentáveis- foram vendidos. Os demais serão objeto de novo edital da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

A tecnologia 4G permitirá o próximo salto da telefonia celular, para o tráfego mais intenso de dados. Essa transição já foi iniciada com o sistema 3G, mas com sérios percalços no Brasil. A quarta geração possibilita transmissão até dez vezes mais rápida que a obtida hoje.

Claro e Vivo ficaram com as frequências principais, "avenidas" de dados que permitem maior volume de trânsito. Oi e TIM levaram as vias ("ruas") de menor capacidade.

Com o desinteresse dos concorrentes por outras faixas de menor potencial, as empresas vencedoras adquiriram também a obrigação de levar a telefonia de última geração a áreas rurais predeterminadas. O maior ágio (66%) ocorreu no lote arrematado por R$ 1,05 bilhão pela Vivo, justamente por incluir regiões de maior poder aquisitivo, como o interior paulista.

As empresas têm um cronograma apertado pela frente. O 4G deverá começar a funcionar nas cidades-sede da Copa das Confederações (Rio, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador) já em abril de 2013. A cobertura em todas as cidades com mais de 30 mil habitantes deve ocorrer até 2017.

Haverá uma superposição com os prazos da expansão do sistema 3G, ainda incompleta. Hoje, apenas 52% dos municípios têm cobertura. A data-limite para universalizá-la é 2016, um ano antes da 4G.

Um ponto essencial é o número de antenas. Para um bom serviço em 4G, o número delas teria de dobrar, mas há obstáculos variados -da capacidade de investimento das operadoras à disponibilidade de terrenos e normas que variam muito de cidade a cidade.

O país conta com cerca de 55 mil antenas de celular, número comparável ao da Itália, quando o território nacional é 28 vezes maior. O governo trabalha no que está sendo chamado de Lei das Antenas, para uniformizar regras de instalação.

Do lado das empresas, falta um acordo geral de compartilhamento de antenas e investimento numa rede de fibras óticas para interligá-las com as bases, a fim de garantir melhor escoamento de dados.

O governo, além de acelerar a regulamentação das antenas, precisa exercer fiscalização dura sobre as empresas para que a promessa do sistema 4G não resulte numa nova geração de clientes frustrados.

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