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Desafio econômico

Dos anos 1990 até o início da década passada, o modismo entre economistas era discorrer sobre os "fundamentos", ou seja, as bases de uma economia saudável.

Da crise de 2008 para cá, a preocupação é saber se e quando os incentivos para reanimar a economia vão "ganhar tração" -do inglês "to gain traction". "Pegar no breu", na velha gíria popular.

Essa é a principal indagação do FMI sobre as nações emergentes, repisada em seu relatório de anteontem que atualizou projeções para a economia global neste ano e em 2013. O Fundo confirmou e consolidou a maré de más notícias.

O corte na estimativa de alta do PIB mundial foi minúsculo, de 3,6% para 3,5% em 2012. Mas foi todo induzido pelo bloco das nações emergentes, principalmente por China (queda de 0,2 ponto percentual, para 8%), Brasil (menos 0,6 ponto, para 2,5%) e Índia (menos 0,7 ponto, para 6,1%).

Sem dados frescos de atividade, pois mal começou a safra de divulgações do segundo trimestre, o Fundo está relativamente otimista. A crer na previsão média de analistas domésticos, o PIB brasileiro crescerá menos que 2% neste ano.

O Fundo Monetário Internacional acredita, porém, que uma série de incentivos -juros e inflação em queda, subsídios setoriais, gasto público em alta- reanimará as economias emergentes entre o terceiro e o quarto trimestres deste ano. É plausível que isso ocorra, mas dificilmente a ponto de significar retomada vigorosa de desempenho de 2013 em diante.

A longa digestão da crise nos países ricos -cujos "fundamentals" (deficit e dívida pública nas alturas, baixa credibilidade fiscal, incerteza financeira e monetária) são periclitantes- ainda fará patinar a economia global. E a expectativa de que as nações emergentes pudessem substituir o dinamismo perdido no G7 entrou agora em xeque.

Não é exagero dizer que o governo Dilma Rousseff, no que concerne à condução da economia, enfrenta um desafio histórico.

O preço dos produtos básicos -cujo salto na última década explica em boa medida o sucesso do Brasil- vai cair 12% neste ano, prevê o FMI, depois de ter subido 26% em 2010 e 18% em 2011.

Esse choque térmico pode não ser apenas episódico. Nesse caso, exigirá resposta profunda da política econômica, no sentido de tornar o Brasil mais competitivo nos novos termos do jogo global.

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