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Marcos Augusto Gonçalves

Escalada

SÃO PAULO - Quando o secretário da Segurança de São Paulo diz que está em curso uma "escalada da violência" é porque as tentativas de tapar o sol com a peneira se tornaram infrutíferas e o mais sensato é encarar a realidade.

Depois de um período de aparente melhoria da sensação de segurança e de progressos na redução dos índices de homicídio (em São Paulo, eles ainda são metade dos nacionais), a preocupação dos paulistas com a criminalidade vem aumentando nos últimos meses.

Os fatos são conhecidos: a onda de arrastões em bares, restaurantes e edifícios residenciais; a maior ocorrência de algumas modalidades de crimes, em especial os assassinatos (38% a mais em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado); e a guerra entre PMs e a facção Primeiro Comando da Capital, com execuções, ao que tudo indica, praticadas pelos dois lados.

Por fim, não é demais mencionar as operações desastrosas da polícia, que parece se sentir autorizada a atirar primeiro e perguntar depois.

É claro que alguma coisa vai mal. Mas antes que alguém se incline a partidarizar o assunto, é bom lembrar que Estados governados pelo PT, como a Bahia, enfrentam situação pior. E que governos federais vêm falhando na implantação de uma política nacional de segurança desde o fim da ditadura -quando tivemos, além de Sarney, Collor e Itamar Franco, oito anos de gestão tucana e já quase dez de petista.

Recentemente divulgado, o estudo "Mapa da Violência" mostrou que esse quadro é particularmente cruel com os mais jovens. De 1981 a 2010, 176.044 crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil. São, em média, 16 pessoas com até 19 anos mortas por dia. E a quantidade de homicídios nessa faixa etária é proporcionalmente maior atualmente do que já foi em outros tempos.

A escalada, como se vê, vem de longe e, infelizmente, ainda parece distante de ser debelada.

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