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Paula Cesarino Costa Imagens e palavras RIO DE JANEIRO - Serão 11 estrelas na tela, mas os ministros do STF e suas capas negras pouco têm a ver com os 11 amarelinhos de Mano Menezes na busca do ouro olímpico. Exceto pelo fato de que dividirão, com outras dezenas de esportes, as atenções de TVs e rádios, portais de internet, jornais e revistas nos próximos dias numa rara disputa, de onde sairão dois retratos do Brasil. Num mundo cada vez mais dominado pela reprodução eletrônica e imagética dos acontecimentos, há uma interessante oportunidade de resgatar o momento em que a imagem começou a questionar o poder da palavra. A exposição "Um olhar sobre 'O Cruzeiro' - as origens do fotojornalismo no Brasil", no Instituto Moreira Salles, que chega em outubro a São Paulo, é um refresco na prolixidade de togados e locutores. Fundada em 1928, a revista foi um braço do conglomerado de mídia de Assis Chateaubriand. Na década 50, quando o país mal passava dos 50 milhões de habitantes, chegou a vender 700 mil exemplares, um número que hoje já seria espetacular. "O Cruzeiro" seguia a cartilha da revista norte-americana "Life", que preconizava "um novo jornalismo, no qual as imagens formam o texto e as palavras ilustram as imagens". Nas paredes do IMS, pode-se ver diferentes concepções de fotojornalismo: da beleza pouco comprometida com a veracidade de Jean Manzon à objetividade das imagens de guerra de Luciano Carneiro. A revista introduziu na mídia de massa a questão indígena, com fotos magníficas de Henri Ballot, e captou o cotidiano carioca pelas lentes de José Medeiros. Estão lá reportagens com figuras públicas exibindo supostas virtudes cotidianas, rompendo as fronteiras entre público e privado, transformando política em espetáculo. Na avalanche de palavras despejadas durante o julgamento no STF, vale ouro quem descobrir que imagem sobreviverá para a história. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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