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Afrouxamento à vista

Bancos centrais reagem aos sucessivos golpes nas previsões de crescimento da economia e já admitem nova rodada de injeção de recursos

Não têm fim as frustrações com o ritmo da economia mundial. Os últimos dois trimestres ficaram aquém do previsto e provocaram novas revisões para baixo nas projeções para o ano.

Os principais bancos centrais, em resposta, parecem sair da letargia. Tentam deixar claro que não recuarão, no futuro, diante do que já parece imperativo: um novo movimento de cortes de juros e injeção de recursos no mercado.

Nos EUA, o crescimento esperado para o ano caiu de 2,5% há alguns meses para 1,9%. Os grandes problemas persistem -lenta recuperação de emprego e renda, baixa disposição ao investimento e continuado esforço de famílias e empresas para reduzir dívidas.

O Fed (banco central americano) indicou que está pronto a adotar novas medidas, o que deve ocorrer na reunião de setembro. Espera-se nova injeção de liquidez e extensão do compromisso de manter juros baixos para além de 2014.

Na Europa haverá recessão neste ano -o PIB da zona do euro deve cair até 1%. O quadro é ainda pior na Itália e na Espanha, com expectativa de contração entre 2% e 3%.

Na tentativa de resgatar a periferia europeia do limiar da insolvência, o Banco Central Europeu (BCE) também sinalizou com novas e drásticas intervenções, ainda que sem anunciá-las (o que de início levou a baixas nas Bolsas).

O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que os altos custos de financiamento para algumas nações são inaceitáveis. Enquanto o BCE fixa juros de curto prazo em 0,75% ao ano, taxa que deve cair ainda mais, o mercado cobra mais de 4% para financiar a Espanha por poucos meses.

Por essa razão, Draghi explicitou a disposição de intervir nos mercados de dívida pública para aproximar os juros de curto prazo na zona do euro da meta fixada pelo BCE. Com isso seria afastado o risco iminente de insolvência.

O pré-requisito para isso é que os governos dos países em dificuldade -em particular a Espanha- tomem a iniciativa e peçam ajuda formal ao fundo de resgate europeu (EFSF), coisa que o premiê Mariano Rajoy já admite. Ao fazerem isso, serão obrigados a assinar um acordo de monitoramento, em linha com as práticas do FMI. Ganha-se ajuda e perde-se soberania.

Tais movimentações dos BCs são necessárias, porém insuficientes. Mais de quatro anos depois do início da crise, está evidente que mercados mais líquidos não compram tudo. Se tanto, compram tempo.

As soluções definitivas dependem da política. Nos EUA, isso significa reduzir o extremismo partidário que paralisa soluções de longo prazo. E, na Europa, trata-se de reformar as instituições que sustentam a moeda única e construir um acordo entre credores e devedores para custear o penoso ajuste dos países na periferia.

São tarefas mais difíceis do que simplesmente imprimir dinheiro.

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