Índice geral Opinião
Opinião
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Enigma paulistano

Russomanno (PRB) desafia previsões e mantém alta nas pesquisas, mas horário na TV deve alterar quadro em favor da polarização PT x PSDB

Em ascensão constante desde dezembro, o candidato Celso Russomanno (PRB) alcançou nesta semana a liderança numérica na pesquisa Datafolha sobre intenção de voto para prefeito de São Paulo.

Russomanno, que registrava 16% no final do ano passado, chegou a 31% no levantamento feito no dia 20, o último antes do início do horário eleitoral no rádio e na TV.

José Serra (PSDB), que esteve à frente dos adversários nas pesquisas anteriores, agora tem 27%. Como a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, o tucano está empatado tecnicamente com o candidato do PRB.

No bloco intermediário, persiste, desde dezembro, empate técnico entre quatro candidatos no terceiro lugar: Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS) e Paulinho da Força (PDT), que têm entre 8% e 4%.

Até aqui, o cenário eleitoral em São Paulo vinha sendo mais positivo para Russomanno do que para qualquer outro postulante.

Além de fatores próprios de sua candidatura -como a fama de defensor intransigente dos consumidores e o apoio da Igreja Universal e da TV Record-, pesam a favor de Russomanno dois aspectos circunstanciais: a alta rejeição a Serra e a falta de informação do eleitorado petista sobre Haddad.

Por beneficiar-se tanto de elementos que não lhe são inerentes, a candidatura do PRB parece fadada a perder força a partir de agora, com o horário eleitoral. Este pode se mostrar decisivo para a rejeição a Serra diminuir, e supõe-se que o grau de conhecimento quanto a Haddad vá avançar.

Russomanno terá pouco a fazer para reagir a essas tendências e conter a provável sangria de intenções de voto. Não só por dispor de menos de um terço do tempo de TV de seus principais adversários, mas também por não ter recursos suficientes para bancar propaganda política à altura da concorrência, como já ficou claro.

Isso não significa que devam ser descartadas as hipóteses de Russomanno chegar ao segundo turno ou se eleger. Afinal, alguns analistas apostavam que ele começaria a enfraquecer-se um mês atrás.

É possível que parte dos paulistanos queira pôr fim à polarização PT-PSDB. É também provável que a pose de paladino do candidato do PRB pareça sedutora a eleitores, sobretudo num momento em que cresce o consumo no país.

Russomanno sabe disso. Durante sabatina Folha/UOL, repetiu à exaustão sua plataforma de defesa do consumidor, tema sobre o qual fala com fluidez. Instado a detalhar planos para a saúde, contudo, saiu-se com o óbvio: vai manter o que é bom, mudar o que é ruim.

Ao que parece, a força de Russomanno é também sua fraqueza. Os problemas de São Paulo são mais complexos do que relações de consumo, e é duvidoso que o bordão "bom para ambas as partes" seja suficiente para resolvê-los.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.