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Tensão marítima na Ásia

Milhares de manifestantes foram às ruas na semana passada, em diversas cidades da China, para protestar contra a ocupação pelo Japão de um arquipélago desabitado -pouco mais que rochas- a nordeste de Taiwan e disputado pelos três países há décadas.

Protestos do gênero não costumam ocorrer sem a anuência do Partido Comunista Chinês. Mas o nível de agressividade dos manifestantes, nesse caso, parece ter fugido ao controle de Pequim.

A disputa pelas ilhas Senkaku, como as chamam os japoneses, ou Diaoyu, segundo os chineses, encontrava-se adormecida. Reavivou-se quando o governador populista de Tóquio, Shintaro Ishihara, lançou campanha por recursos para comprar o arquipélago do proprietário japonês. Hoje as ilhas são alugadas pelo governo central do Japão, que controla o acesso para evitar atos de provocação.

Em resposta a Ishihara, manifestantes chineses desembarcaram numa das ilhas. Foram presos e depois liberados. Em seguida, nacionalistas japoneses também aportaram no local, provocando a reação dos chineses.

A disputa entre os dois países se agrava durante rápida mudança no equilíbrio de forças no Pacífico. Já há alguns anos a China tem manifestado interesse em ampliar o controle estratégico no mar do Sul da China. A potência asiática reivindica o controle de ilhas e águas também disputadas pelo Vietnã e pelas Filipinas.

O interesse por aquelas áreas decorre de seu potencial pesqueiro e petrolífero. Mais relevante ainda é o controle das rotas de navios na região, por onde passa metade do comércio marítimo do mundo.

Além de aumentar o contingente de sua Marinha, o que é interpretado como pretensão expansionista, a China se opõe à resolução de conflitos com vizinhos em fóruns multilaterais que incluam os EUA. Trata-se do maior desafio recente à hegemonia americana no Pacífico, incontrastável após a Segunda Guerra Mundial. O governo de Barack Obama já declarou como prioridade estratégica aumentar a presença militar naqueles mares.

Sem a influência dissuasória de uma potência hegemônica na região, como os EUA nas últimas sete décadas, as frequentes escaramuças da China com vizinhos abrem um novo foco de instabilidade geopolítica, capaz de rivalizar com as tensões crônicas do Oriente Médio.

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