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Abertura à russa

A Organização Mundial do Comércio enfrenta, desde a eclosão da crise de 2008, um impasse entre a regra do livre-comércio, que a fundamenta, e a multiplicação do protecionismo. Ao menos em aparência, a adesão da Rússia à OMC nesta semana favoreceria o primeiro princípio.

Afinal, abre seus portos o regime liderado há quase 12 anos pelo autocrata Vladimir Putin, cujos oligopólios mal distinguem o público do privado na economia.

A elevação global nos preços de energia e commodities minerais -efeito da voracidade das compras chinesas- transformou a economia russa. O ineficiente, mas diversificado, parque industrial soviético foi suplantado pela dinâmica produção de petróleo e gás.

Pertencem a este segmento quase 75% das exportações russas, que totalizaram US$ 520 bilhões em 2011 (28% do PIB).

Como as vendas de energia e minério já são pouco tarifadas por importadores (itens escassos, de primeira necessidade), exportadores da Rússia pouco vão se beneficiar da queda das barreiras comerciais de seus parceiros, em razão da entrada na OMC.

Vale notar que, dos chamados Brics, a Rússia é o único país que registra declínio populacional. Tal tendência reforçará a especialização da economia russa em commodities -com menos habitantes para consumi-los, sobram mais recursos naturais para exportar.

Do lado das barreiras à entrada de produtos e serviços estrangeiros, a queda de tarifas prometida por Moscou -dos atuais 11,5% para a média de 7%- será bastante diluída no tempo para setores estratégicos, como o automotivo. Obstáculos erguidos pelos EUA na Guerra Fria continuarão a dificultar o intercâmbio russo com a maior economia do planeta.

Tudo somado, a entrada da Rússia na OMC parece mais uma tentativa de Putin de se mostrar confiável aos investidores internacionais.

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