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Universidades para todos

Circula hoje com esta edição um caderno especial com o pioneiro Ranking Universitário Folha (RUF). Foram oito meses de trabalho para levantar informações sobre pesquisa, qualidade do ensino -na opinião de cientistas e de executivos do mercado de trabalho- e capacidade de inovação em 191 universidades e 41 centros ou faculdades.

Dados de centenas de publicações acadêmicas foram analisados. O Datafolha ouviu quase dois milhares de pesquisadores de alta produtividade e profissionais de recursos humanos. O resultado expressa de forma sistemática, em números, algo que já se intuía.

No âmbito global, isto é, considerando tanto a dimensão da pesquisa como a do ensino, as melhores universidades são instituições públicas bem financiadas nos centros mais desenvolvidos. Elas ocupam as 30 primeiras posições, entremeadas por apenas três instituições privadas vinculadas a igrejas.

Das dez universidades particulares mais bem colocadas, a última delas no 58º lugar no ranking geral, oito são confessionais -sete católicas e uma presbiteriana. Instituições de larga tradição, que não buscam lucro e estão em áreas de grande demanda por ensino.

O quadro geral sofre alteração mais profunda quando se considera apenas a avaliação de cursos pelo mercado de trabalho. Despontam aí várias instituições privadas, confessionais ou laicas, em posições mais elevadas. Das 50 mais pontuadas, 22 são particulares, num claro indicativo de que é possível oferecer ensino adequado às necessidades de empregadores mesmo sem produzir boa pesquisa.

A Constituição de 1988 consagrou o dogma de que são indissociáveis a pesquisa e o ensino nas universidades. Professores envolvidos com investigações científicas de alto nível têm, a princípio, mais condições de ofertar formação qualificada a estudantes. Mas isso não implica que universidades mais voltadas para o ensino não tenham um papel a desempenhar.

Produzir pesquisa científica de qualidade internacional é algo muito caro, nem sempre rentável. Não por acaso, depende de pesado financiamento estatal, em quase todo o mundo.

Seria útil para o país, portanto, admitir que prosperem diferentes tipos de universidades -as de pesquisa, voltadas à investigação de ponta e à formação de quadros que formarão quadros, e as de ensino, especializadas em diplomar bons profissionais de nível superior.

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