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Debate sem surpresas

Candidatos a prefeito de SP repetem as estratégias de sempre mesmo diante da configuração inusitada das pesquisas de intenção de voto

Esperava-se que Celso Russomanno (PRB) fosse atrair o maior número de ataques de seus adversários no debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo realizado pela Folha e pela RedeTV! na noite de segunda-feira.

No surpreendente papel de líder das preferências do eleitor, Russomanno, que avançou ainda mais no levantamento do Datafolha publicado hoje, foi, entretanto, razoavelmente poupado por José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), seus concorrentes mais próximos -e que agora aparecem empatados tecnicamente em segundo lugar.

Talvez se possa dizer que este foi o único aspecto em que o esperado deixou de concretizar-se nesse debate, previsível como tantos outros. E, como tantos outros, preso a regras definidas pelos próprios candidatos, interessados em reduzir a intervenção dos jornalistas.

Conhece-se, ademais, o papel que os representantes de pequenos partidos, voluntariamente ou não, terminam exercendo em encontros desse tipo: o de subterfúgio para que o candidato mais significativo não enfrente seus concorrentes imediatos.

Nesse sentido, é forçoso admitir que, se Levy Fidelix não existisse, teria de ser inventado. A exemplo do que ocorreu em debate anterior, o candidato do minúsculo PRTB pôde agradecer a seus adversários a oportunidade que lhe abriram para tratar de temas gerais.

Sabem todos, evidentemente, que nem o tráfego, nem a saúde, nem a educação constituem questões capazes de acomodar-se a promessas simples, enunciadas em tempo brevíssimo.

O debate se alterna, portanto, entre críticas ao que não foi feito e elogios ao que já se fez na cidade. Note-se que as ambições dos candidatos, e sua sede por novas obras gigantescas, ganham ímpeto na atual campanha.

Talvez por influência de seu aliado Paulo Maluf, o petista Haddad aposta nas grandes construções de engenharia que, antigamente, era costume da esquerda criticar.

Obras feitas e por fazer são também um ponto forte do tucano Serra, a quem parece faltar, na era pós-Lula, o impulso que lhe garantia o antipetismo de amplos setores da população paulistana.

Talvez aí residam os trunfos de Russomanno -que, discreto no debate, evitou as armadilhas do discurso religioso; ungiu-se, isto sim, defensor de mais parcimônia nos gastos públicos, afastando-se da polarização entre PT e PSDB.

Por ironia, o maior crítico dessa polarização no horário eleitoral no rádio e na TV, Gabriel Chalita (PMDB), foi protagonista do diálogo mais acerbo da noite, com Serra.

Críticas a alianças comprometedoras, atingindo de Haddad a Paulinho da Força (PDT), puderam, além disso, ser trocadas entre quase todos. A bem da verdade, todos eles se merecem.

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