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Obama candidato

O discurso em que o presidente dos EUA, Barack Obama, aceitou formalmente a indicação do Partido Democrata para concorrer a um novo mandato provocou um inevitável sentimento de anticlímax, evidente mesmo para seus mais entusiasmados eleitores.

O primeiro líder negro da maior potência militar e econômica já não representa a novidade de quatro anos atrás. Tampouco pode reavivar as promessas de mudança contidas no slogan "yes, we can" -"sim, nós podemos".

A pior crise econômica desde a Grande Depressão dos anos 30 e uma taxa de desemprego acima de 8% -patamar em que apenas dois presidentes se reelegeram desde 1900- impuseram sobriedade à oratória de Obama. O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) provocou entusiasmo maior na plateia.

É verdade que o discurso do atual mandatário precisava ser mais pragmático. Os que o precederam no púlpito tinham como objetivo consolidar o apoio da base democrata, reafirmando valores liberais, como a defesa do aborto e os direitos das minorias. Ao candidato à reeleição cumpria convencer os eleitores indecisos a lhe darem nova chance na Casa Branca.

As pesquisas constatam um empate técnico entre Obama e Mitt Romney, mas o sistema de eleição indireta americano ainda lhe confere ligeira vantagem sobre seu adversário republicano. O presidente se sai melhor em Estados decisivos para o pleito.

Conta a favor de Obama a perspectiva de continuidade da lenta e moderada recuperação da economia. A maior ameaça de agravamento da crise, que vinha da Europa, parece ter sido ao menos controlada. Diminuem assim as possibilidades de um súbito colapso financeiro na zona do euro.

O contexto político também favorece o presidente. O Partido Republicano, controlado pela ala radical de direita, representa hoje, com sinal trocado, mudança maior do que a prometida por Obama em 2008. Estado mínimo, redução dos programas de assistência social e reversão de direitos conquistados, como a legalização do aborto, são plataformas republicanas.

Nesse cenário, o argumento dos democratas para a reeleição não se reduz a propagandear realizações do governo e a enfatizar as propostas do presidente. Suas promessas, aliás, foram mais moderadas e mais vagas do que há quatro anos.

Obama é, sobretudo, o candidato antirrepublicano. Ele apresenta-se para deter o reformismo de direita que venceu as eleições legislativas de 2010, encarnado agora por Mitt Romney.

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