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Enrique Peña Nieto

México e Brasil: a agenda da mudança

Sem dúvida teremos momentos de tensão, como na exportação de carros. Mas, juntos, temos tantos habitantes quanto os EUA, um mercado muito rico

A minha eleição como presidente do México, no último dia 1º de julho, respondeu a uma demanda dos mexicanos por mudança no país.

A mudança será a bandeira e a força motriz do meu governo. Uma mudança econômica para fazer com que o México cresça, para aliviar a pobreza e melhorar a qualidade de vida da nossa gente. Uma mudança que também dinamize e fortaleça a nossa política exterior.

Nesse sentido, meu propósito é recuperar a presença histórica do México no continente, e para tal gostaria de ter o Brasil como interlocutor e aliado. Algumas vozes teorizaram sobre as dificuldades que enfrentam o Brasil e o México para coexistirem como motores do desenvolvimento na América Latina. Chegam a afirmar que as nossas nações estão destinadas à constante competição. Pessoalmente, acredito que essas afirmações estão erradas.

Como presidente, buscarei que nossos países exerçam um papel compartilhado como promotores de uma economia de mercado com consciência social, fortalecendo as instituições democráticas e respeitando a soberania dos Estados, fomentando uma maior cooperação hemisférica.

Desperdiçar o potencial da nossa relação bilateral implica em um custo muito alto, que não quero pagar. Mas como podemos fazer com que a agenda entre México e Brasil seja uma agenda de mudança?

Primeiro, devemos consolidar nossos laços econômicos de maneira que gerem maior investimento mútuo, abram novos mercados para os produtos de ambos os países e permitam o intercâmbio de conhecimentos e experiências.

Conjuntamente, nossos países contam com uma população de cerca de 300 milhões de pessoas, quase o mesmo que os Estados Unidos.

Somos um mercado grande, saudável, que goza de riqueza e de capital humano. Ampliar o nosso diálogo comercial, fortalecê-lo e potencializá-lo, é conveniente para ambos.

Segundo, temos que ampliar as nossas áreas de cooperação. O combate à violência é uma área em que podemos estreitar vínculos. Os dois países sofrem com essa câncer.

Da mesma maneira, podemos intercambiar experiências em programas sociais, assim como em ciência e tecnologia. Além do mais, há dois grandes inimigos que temos em comum: a pobreza e a desigualdade.

Terceiro, é preciso fomentar um maior intercâmbio na educação e na cultura. Brasil e México contam com algumas das universidades líderes na América Latina, como a Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade de São Paulo.

Finalmente, como defensores da democracia e da soberania no continente, devemos fortalecer permanentemente a independência dos poderes e a recusa ao clientelismo e à corrupção. Nossos países, as maiores democracias da região, têm um papel simbólico de defesa de princípios.

Não há dúvida de que na busca de uma relação mais próxima entre nossos países teremos momentos de tensão. Isso acontece até nas melhores alianças. Recentemente, o conflito sobre a exportação de automóveis manufaturados do México ao Brasil foi um exemplo. Mas estou seguro de que, com respeito, mesmo as diferenças mais difíceis podem ser superadas para chegarmos a uma relação mais estreita entre os nossos povos, como é a minha intenção -e a da presidenta Dilma Rousseff.

México e Brasil têm uma grande história a escrever juntos.

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