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Virada paulistana

Queda de Russomanno nas pesquisas torna imprevisível resultado no domingo; Serra e Haddad ainda podem tirá-lo do segundo turno

A pesquisa Datafolha divulgada ontem adicionou novo grão de incerteza na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Já não se trata de prospectar, como há poucos dias, quem disputará o segundo turno com Celso Russomanno -pois agora nem a presença do candidato do PRB entre os dois primeiros pode mais ser dada como garantida.

Num intervalo de duas semanas, Russomanno caiu de 35% para 25% das intenções de voto. Perdeu mais de um quarto de seus eleitores e deixou de ser líder isolado na disputa, posição confortável que ocupou durante mais de um mês.

Segundo o Datafolha, José Serra (PSDB), com 23%, está em situação de empate técnico tanto em primeiro lugar, com Russomanno, quanto em segundo, com Fernando Haddad (PT), que tem 19%. O petista, nos últimos 15 dias, ganhou quatro pontos percentuais, enquanto o tucano avançou dois.

Gabriel Chalita (PMDB) também se beneficiou da sangria de Russomanno, mas permanece num distante quarto lugar, com 11%.

Quando considerados apenas os votos válidos, Russomanno tem 29%, Serra, 27%, e Haddad, 22% -percentuais historicamente baixos, indicativos de como a disputa está apertada. Desde o fim da ditadura militar, nunca o primeiro colocado teve menos de 30% dos votos válidos.

Se as tendências nas pesquisas -Russomanno minguante, Serra e Haddad crescentes- tornam mais que nunca imprevisível o resultado do primeiro turno, nem por isso elas deixam de esclarecer algo sobre o processo eleitoral.

A constatação mais óbvia remete à grande surpresa da disputa. Como poucos analistas -para não dizer nenhum- foram capazes de prever o desempenho de Russomanno, as campanhas do PSDB, do PT e do PMDB demoraram para levar a sério o candidato do PRB.

Quando o fizeram, passando a desferir ataques direta e incessantemente no horário político, Russomanno não resistiu. Ele não só perdeu dez pontos como viu sua rejeição disparar: um mês atrás, 12% dos eleitores diziam que não votariam nele de jeito nenhum; agora, esse grupo reúne 26%.

Os 35% de intenção de voto que Russomanno chegou a alcançar não combinavam com um candidato sem experiência administrativa, de partido frágil. Embora não seja marinheiro de primeira viagem, pois foi deputado federal por quatro mandatos, o candidato do PRB foi inflado mais por sua celebridade midiática do que por seus feitos na política.

Propostas esdrúxulas, como tarifas de ônibus escalonadas segundo a distância percorrida (desvantajosas para os mais pobres, que também moram mais longe), e um programa de governo superficial são meros sintomas desse quadro.

Ainda que por estímulo da propaganda negativa, as pesquisas mostram um Russomanno mais próximo de seu tamanho real.

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