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Editoriais Obama já tem adversário A pouco mais de um mês da eleição presidencial dos Estados Unidos, o favoritismo de Barack Obama sofreu um arranhão. Se dependesse só do desempenho no primeiro debate na TV com o republicano Mitt Romney, em Denver (Colorado), a reeleição do democrata estaria sob risco. Não que o conteúdo das falas do candidato da oposição, ex-governador de Massachusetts, tenha feito muita diferença. Nesse quesito, o resultado esteve mais para o empate, com os contendores atendo-se a princípios genéricos de governo e criticando, no mesmo diapasão, os do adversário. Com o debate centrado em temas domésticos, Obama e Romney revalidaram a linha que, desde meados do século 20, demarca a oposição entre os dois grandes partidos dos EUA. Trata-se de saber até que ponto o governo deve interferir em assuntos das esferas social (saúde, educação, previdência) e econômica (regulamentação dos negócios, montante e distribuição dos impostos). A receita democrata recomenda teor mais elevado de governo. A republicana apregoa menos interferência estatal. Quando o assunto é o nível de gastos militares, vale notar, a balança se inverte, com republicanos defendendo mais dispêndio, e democratas, menos. A simetria entre os dois candidatos nessa reiteração de bandeiras ideológicas não impediu que Romney se desse melhor num aspecto importante do debate de anteontem. Ficou patente o contraste entre o tirocínio, a clareza expressiva e a confiança por ele demonstrados, de um lado, e, do outro, a apatia e a prolixidade professoral de um Obama que parecia incomodado de estar ali. Na TV, perante cerca de 60 milhões de espectadores, isso pode fazer diferença. Não há que estranhar a dificuldade de Obama quando tem de falar de improviso ou exercer à queima-roupa o contraditório -marca dos debates presidenciais americanos que, aliás, deveria inspirar os arremedos brasileiros. O democrata vai muito bem apenas nos monólogos ensaiados, como já o havia demonstrado na meteórica trajetória que o levou do desconhecimento à Casa Branca em 2008. A surpresa foi mesmo o desempenho de Romney, que debutou nesse tipo de evento. A revelação de seus dotes, após uma sequência de tropeços estratégicos do republicano, não deixa de ser um alento para os conservadores. E um tormento inesperado para Obama, instado agora a preparar-se muito melhor para os dois outros debates que ocorrerão até o pleito de 6 de novembro. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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