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Geleia municipal

É algo desanimadora a previsão de que a Câmara Municipal de São Paulo será governista nos próximos quatro anos, independentemente de quem seja eleito prefeito da cidade. Não que o Legislativo paulistano tenha um pendor oposicionista -nunca teve.

O fato é que nem a coligação do PSDB nem a do PT conseguiram eleger bancadas grandes o suficiente para constituir maioria. Representantes de partidos antípodas, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) deveriam ter dificuldade, por esse critério, para atrair novos vereadores à base aliada e governar.

Tudo indica, contudo, que não será esse o caso. Ao contrário, o candidato que vencer o segundo turno em São Paulo encontrará na Câmara legisladores dispostos a mudar de lado ao primeiro aceno do futuro prefeito.

A missão de Serra, se eleito, será bem facilitada pelo desempenho de seus aliados. As siglas que o apoiaram -DEM, PR, PSD e PV, além do PSDB- conquistaram 25 das 55 cadeiras de vereador. Bastam três nomes para que o tucano tenha a maioria sob controle.

Haddad, caso vença, precisará de um número maior de convertidos, mas nem por isso a tarefa será difícil. Sua coligação -PC do B, PP e PSB, além do PT- elegeu 16 candidatos, aos quais devem agora somar-se outros quatro do PMDB.

Tanto Serra quanto Haddad poderão contar com a adesão de partidos não coligados. PSD e PR não veriam problemas em migrar para o arco petista, assim como PSB e PP poderiam pender para o lado tucano. Legendas como PTB e o PRB de Celso Russomanno tendem a se acomodar em qualquer gestão. Feitas as contas, em qualquer caso a oposição não deve passar de cerca de um quarto da Câmara.

Nessa versão da "geleia geral" política, não deixa de ser um alento que nenhuma figura notoriamente folclórica tenha sido eleita. No mesmo sentido, são auspiciosas as vitórias de candidatos mais qualificados, como Andrea Matarazzo (PSDB), Nabil Bonduki (PT) e Ricardo Young (PPS), entre outros.

Nomes de maior peso na política nacional e de certo relevo no ambiente intelectual têm a responsabilidade de elevar o nível do debate na Câmara. A cidade de São Paulo precisa de soluções para seus problemas, e não de representantes de si mesmos, interessados somente na própria sobrevivência política.

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