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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Perspectivas
para 2006
A esta altura, cada um deve ter
suas previsões para o ano que se
inicia. Cada um construiu seus sonhos.
Sonhar no Brasil não é devaneio. Vivemos em um país abençoado em termos de recursos naturais, localização
geográfica e disciplina de trabalho.
Poucas nações desfrutam dessas benesses. O que nos falta é utilizá-las
bem.
Nos últimos anos, o mundo cresceu
de forma expressiva. Mas a rigidez do
nosso ambiente interno impediu que
aproveitássemos as oportunidades do
ambiente externo. A permanente
ameaça de inflação levou as autoridades a impor juros inviáveis e o excesso
de gastos correntes fez o governo aumentar ainda mais os impostos.
Resultado: crescemos menos do que
precisávamos e ficamos atrás de várias
nações grandes que souberam tirar
vantagem da economia internacional.
Em 2005, nosso crescimento ficou em
torno de 2,5%; a Rússia cresceu mais
de 6%; a Índia, 7%; e a China repetiu
seu costumeiro 9,5%.
Tudo indica que em 2006 o mundo
continuará comprador, impulsionado
principalmente pela economia dos Estados Unidos e dos países citados. Infelizmente, o Brasil vai continuar
aquém das suas possibilidades pelo
que deixamos de fazer em 2005.
Mas os desequilíbrios não podem
mais ser compensados com juros e tributos escorchantes. Chegamos ao limite. Não podemos continuar com a
precariedade de nossa infra-estrutura
e com o deteriorado quadro social.
O novo ano será de eleições. É a época em que se usa e abusa da propaganda e da crítica. Acredito estar aí uma
oportunidade para o povo conhecer
melhor os problemas do país. Oxalá
os especuladores entendam que a sua
safra de grandes ganhos já passou.
Mas nada disso acontecerá automaticamente. Para tanto, os eleitores terão de exigir dos candidatos um compromisso realmente sério de fazer as
reformas estruturais. Penso que o
maior desafio é inaugurarmos um sistema de cobrança efetiva dos novos
governantes. Será um grande avanço
se fizermos os candidatos se comprometerem publicamente com as reformas, assinando em cartório se necessário e condicionando sua permanência no cargo ao atingimento de metas
antecipadamente fixadas.
Os novos governantes terão de reduzir a carga tributária para 25% do PIB
(média de 1969-93); terão de reduzir
drasticamente o custo do dinheiro para estimular investimentos e empregos; terão de melhorar a qualidade do
ensino para ficarmos em pé de igualdade com nossos competidores. Sobretudo, teremos de exigir do governo
menos e melhores gastos correntes.
Ainda tenho esperança de que isso
aconteça, pois as grandes decisões
costumam ser tomadas no meio das
grandes crises. Desejo que o ano de
2006 seja de muita prosperidade pessoal e, sobretudo, prosperidade social
para todos os brasileiros. Do meu lado, continuo confiando no Brasil, para
que possamos chegar num futuro
próximo ao chamado Primeiro Mundo.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
@ - antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
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