São Paulo, domingo, 01 de janeiro de 2006 |
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CARLOS HEITOR CONY A luz e o vento
RIO DE JANEIRO - Na gruta abandonada pelos homens -diziam que era
mal-assombrada- havia quatro velas acesas. As velas falavam. Ou pensavam alto -o que dava na mesma.
A primeira vela dizia: "Sou a Paz.
Sem mim, o mundo seria desgraçado,
todos se matando por nada. Ilumino
o caminho do trabalho, da concórdia, do progresso. Sem mim...".
Nisso, o vento entrou por uma fresta e apagou a vela da Paz.
A segunda vela também falou (ou
pensou alto): "Sou a Fé. Sem mim, a
humanidade não valeria nada, seria
um animal desnorteado, sem saber
onde está e para onde vai. Ilumino a
alma do homem, levando-o para o
caminho de Deus e dos anjos. Sem
mim...".
Novamente o vento entrou por
uma fresta e apagou a vela da Fé.
A terceira vela parecia a mais bonita, a que iluminava mais forte e mais
longe: "Sou a Paixão, o amor em sua
forma mais bela e intensa. Sem mim,
os homens seriam vazios, não se compreenderiam, não saberiam o que fazer de si mesmos. Sem mim...".
Mais uma vez o vento entrou e apagou a vela do Amor. Sobrou a última
vela, que parecia a mais modesta ou
inútil -embora nenhuma vela seja
inútil:
"Sou a Esperança. Não devo valer
muita coisa, nada faço materialmente, mas aqui estou, com uma vantagem sobre as demais: nenhum vento
me apaga. E tem mais: como continuo brilhando aqui no meu canto,
escondidinha e humilde, faço sempre
o meu trabalho. Sem mim, a escuridão seria total e eterna".
E dizendo isso, a vela da Esperança,
acendeu as outras velas, passando
sua luz para a Paz, o Amor e a Fé.
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