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FERNANDO RODRIGUES
Governo e Congresso novos
BRASÍLIA - O estapafúrdio calendário político brasileiro se completa hoje, com a posse dos deputados e senadores eleitos em 6 de outubro.
Apesar de o presidente da República e os governadores de Estado terem
assumido suas cadeiras em 1º de janeiro, só hoje é que os Poderes Legislativos recebem seus novos integrantes. Para mudar essas datas, só uma
reforma constitucional.
Esse descompasso impediu até agora uma avaliação mais precisa sobre
o poder real do governo Lula dentro
do Congresso. As indicações são as de
que o Planalto será fortíssimo na Câmara e no Senado, apesar de não ter
a maioria formal de deputados e senadores em sua base aliada.
Lula é o terceiro presidente civil
eleito de forma direta depois do regime militar. É o primeiro que chega ao
Palácio do Planalto com o seu partido tendo feito a maior bancada na
Câmara dos Deputados.
Os outros dois, Collor (1989) e FHC
(1994 e 1998), tinham partidos quase
inexpressivos no jogo congressual.
Collor era do nanico PRN, hoje atendendo pelo nome de PTC. O tucano
teve o PSDB, uma sigla nascida sem
base social e que elegeu apenas a
quarta maior bancada em 1994.
Lula também fez valer seu desejo e
forçou a eleição de José Sarney para
presidir o Senado e a de João Paulo
Cunha para presidir a Câmara. Nunca Collor e FHC influíram tanto, no
início de seus mandatos, sobre quem
deveria comandar o Congresso.
Tudo somado, o presidente da República desfrutará de um canal privilegiado com o "establishment" da
Câmara e do Senado.
Há obstáculos pela frente, como o
excesso de MPs trancando a pauta e
as cascas de banana que serão jogadas no caminho pelos partidos de
oposição. Mas é inegável que Lula
tem uma avenida à sua frente para
aprovar as reformas estruturais. Para
isso, terá de assumir o ônus de desagradar a algumas corporações. Essa é
a grande dificuldade do presidente,
inclusive dentro de seu partido.
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