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São Paulo, sábado, 01 de fevereiro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Governo e Congresso novos

BRASÍLIA - O estapafúrdio calendário político brasileiro se completa hoje, com a posse dos deputados e senadores eleitos em 6 de outubro.
Apesar de o presidente da República e os governadores de Estado terem assumido suas cadeiras em 1º de janeiro, só hoje é que os Poderes Legislativos recebem seus novos integrantes. Para mudar essas datas, só uma reforma constitucional.
Esse descompasso impediu até agora uma avaliação mais precisa sobre o poder real do governo Lula dentro do Congresso. As indicações são as de que o Planalto será fortíssimo na Câmara e no Senado, apesar de não ter a maioria formal de deputados e senadores em sua base aliada.
Lula é o terceiro presidente civil eleito de forma direta depois do regime militar. É o primeiro que chega ao Palácio do Planalto com o seu partido tendo feito a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Os outros dois, Collor (1989) e FHC (1994 e 1998), tinham partidos quase inexpressivos no jogo congressual. Collor era do nanico PRN, hoje atendendo pelo nome de PTC. O tucano teve o PSDB, uma sigla nascida sem base social e que elegeu apenas a quarta maior bancada em 1994.
Lula também fez valer seu desejo e forçou a eleição de José Sarney para presidir o Senado e a de João Paulo Cunha para presidir a Câmara. Nunca Collor e FHC influíram tanto, no início de seus mandatos, sobre quem deveria comandar o Congresso.
Tudo somado, o presidente da República desfrutará de um canal privilegiado com o "establishment" da Câmara e do Senado.
Há obstáculos pela frente, como o excesso de MPs trancando a pauta e as cascas de banana que serão jogadas no caminho pelos partidos de oposição. Mas é inegável que Lula tem uma avenida à sua frente para aprovar as reformas estruturais. Para isso, terá de assumir o ônus de desagradar a algumas corporações. Essa é a grande dificuldade do presidente, inclusive dentro de seu partido.


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