São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NELSON MOTTA

Comandantes da folia

SALVADOR - Tremi de medo com a expressão guerreira do comandante Daniel Ortega quando o comandante Hugo Chávez anunciou a criação de um exército bolivariano para enfrentar a ameaça de uma invasão americana. A Nicarágua em armas é fogo. Tio Sam que bote as barbas de molho. "Pátria o muerte! Socialismo o muerte!", eles adoram gritar "qualquer coisa o muerte!", de punhos cerrados.
"Quem tocar em um de nós tocará em todos!", bradou Chávez aos hermanos cubanos, bolivianos, equatorianos e nicaragüenses; as Farc adoraram. O Pentágono tremeu, foi como se outro avião despencasse sobre suas cabeças. Os Estados Unidos tentarão de tudo, inclusive usar a CIA para assassinar líderes bolivarianos, tudo para impedir a união latino-americana -que fará ruir o império. Unión o muerte!
Mas nem o mais idiota dos latino-americanos acredita em uma invasão americana a Cuba. E para quê? Os gringos vão fazer uma guerra, mais uma, de custos incalculáveis, só para retomar para meia dúzia de famílias cubanas de Miami e algumas velhas companhias americanas o que a Revolução lhes expropriou no século passado? Nem Fidel acredita mais nisso.
Os americanos não querem invadir Cuba -só querem vender de tudo para Cuba, onde tudo falta, comprar rum e charutos e, vá lá, fazer seu turismo sensual, como já fazem europeus e sul-americanos. Os cubanos se orgulham da fama de calientes, faz parte do marketing nacional. Por isso é um dos destinos favoritos dos gays americanos, que viajam via México ou Canadá, em alegres bandos. Eles também exigem o fim do embargo. Sauna o muerte! Sunga o muerte!
Solidários, mas longe dessa folia, os comandantes brasileiros vão à luta gritando suas palavras de ordem: Cerveja o muerte! Carnaval o muerte!


Texto Anterior: Paris - Eliane Cantanhêde: Neoprogressistas
Próximo Texto: José Sarney: Carnaval e Vieira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.