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CARLOS HEITOR CONY
Dilema ecológico
RIO DE JANEIRO - Além da crise
no capitalismo que alguns chamam
de "selvagem", temos outro desafio
pela frente no campo ambiental. Os
ecólogos de todos os tamanhos e
feitios não se cansam de alertar para a destruição total do planeta se
não forem tomadas medidas truculentas para salvar o que dizem ser o
"ecossistema".
Pesquisa da semana passada recomendava, entre outras medidas
salvadoras, que a humanidade não
mais comesse carne, não usasse
carros com combustíveis fósseis
nem aparelhos de ar refrigerado.
Já sabia que os veículos movidos
a gasolina integravam a lista dos
principais vilões do meio ambiente.
A solução radical, ecologicamente
correta, seria voltarmos ao carro de
boi. Contudo, estranhei que a carne
figurasse entre os itens malditos.
Explicaram-me que os incêndios na
mata atlântica e na Amazônia, cuja
fumaça agride a atmosfera que respiramos e a camada do ozônio que
nos protege, são provocados criminosamente por especuladores que
desejam criar pastos para o gado e
campos para a plantação de cana
-uma das alternativas para enfrentar a poluição causada pelo
petróleo.
O dilema que vamos enfrentar,
mais cedo ou mais tarde, será cruel:
precisamos criar alimentos que
sustentem a humanidade, que cresce vertiginosamente. Desde Malthus existe a teoria, que parece superada, segundo a qual a população
cresce geometricamente e a produção de alimentos cresce aritmeticamente. Daí a necessidade de criar
pastos e campos que garantam a
nossa sobrevivência.
Na outra ponta da corda, o desmatamento radical de nossas reservas florestais agride o ambiente,
derreterá o gelo dos polos, os oceanos transbordarão, a temperatura
subirá a níveis insuspeitáveis para o
homem. Será o fim de um mundo
sem direito ao começo de outro.
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